sábado, 31 de dezembro de 2011

ENGANOS

Você enganado: a cor da camisa, a dobra da calça,

o sapato desamarrado, a quietude do espelho

transformada no discurso apregoando virtudes

desencontradas; ser o engano não lhe faz maior

que o problema discorrido em tons ameaçadores

e ao longe avista a traição amena das derrotas:

o que leva no bolso lhe faz falta: a carteira

com os documentos, o dinheiro, as chaves irresolutas

das chegadas, o lenço pouco usado no passado



tudo o que tem consigo lhe sufoca, leva a mão

à cabeça e sente o despentear do vento, a dor

inerente ao ouvido, o estalido das juntas; o passo

incorreto da incerteza treme as mãos nos bolsos



você considerado engano terminal das oferendas

e o pacote sob o braço pesa a desdita de pagar

o voto não conquistado; joga fora o embrulho

e segue ao lado da sombra: a sombra o engana.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

SAGRAÇÃO

Nos primeiros tempos

têmpera sobre aço

reforça o esforço

lança ao espaço

o fogo

ardente

da espera

e no terraço

aguarda a volta

do interesse aflito



calcula a área descrita

em versos e do reverso

revigora a alma no cansaço

das esperanças



a conversa ao telefone

direto ao ponto

ao porto

a porta aberta

ao delírio



descreve em arcos o interesse

repentino das refregas

e das lutas intensas

dos incautos

repara no antebraço

com que o vilão

apura o golpe



reescreve e no restante

adianta o sofrimento

do corpo



a dor da memória

onde caninos e dedos médios

indicam o não escutar

do refrão insistente



aporta ao largo e desfaz as ondas

repentinas das saudades

na água cristalina

dos lampejos

e dos reflexos



foge ao primeiro ataque

do esconderijo espia

a poeira cobrir a rua

onde o restante da casa

destruída em ecos

estremece o chão



colabora na velhice com o anteparo

da morte desdobrada

em adeuses

irritantes e inócuos



a idade consubstanciada

na dificuldade

de se fazer ouvir

ou escutar

ou dizer

do passado a história reescrita

em cada época e décadas

decantadas



o alvo fácil dos parques de diversões

em armas virtuais das realidades

anômalas onde derrubam animais

mecânicos e no linguajar aberto

dos desafetos dizem verdades

inoculadas em vacinas

descobertas após

o veredicto



verdadeira é a palavra escrita

riscada em papéis de seda

para que na folha debaixo

fique em decalque

o ressurgir do traço

mentiroso dos regressos.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

POTE

Esvazia o pote
        na mágica
        recorrente
        das tramóias

treme sua mão no vento
e se dispõe ao caminhar
errante dos atrapalhos

ressurge em cada etapa
na descoberta da prata
do pagamento

     do pote vazio quer
     o aroma em bebidas
     evaporadas: a saliência onírica
     do passado, a queda esperada
     das notícias, o levar consigo
     a natureza morta

recorre à mágoa trancafiada
no desvão do espírito: a materialização
da hora na vingança.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

INVÓLUCRO

O invólucro sobre a mesa
                    (no canto da sala)
                    fechado em segredos
                    tateado em dedos
                    desamparados

        aberto ao toque
        mostra o mistério do oriente
        a revelação do ocidente
        o segredo do norte
        o frio inconfessável
        por estar sobre a mesa

                o invólucro
                não recebido

no canto da sala não há mesa
                          não há sala
              há o invólucro sobre o canto
              da mesa da sala.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

OPOSTOS

Não me oponho
às guerras
e aos altos prédios

      sou oposto ao verde
      das florestas impensadas
      e aos azuis corais
      das águas rasas

rarefeito, aspiro a permanência
estonteante das planícies
e retiro da situação antagônica
o refazimento das sibilas

entre frases diametralmente
lançadas ao vento retiro
oposições: das guerras
recebo as últimas horas
e trafego no extremo anel
de angulações e raios

sou oposto raio fúlgido
de desesperanças: o apagar
                        das luzes.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

TEMPO FEITO

Sei fazer. Faço
a canção inerente
ao amor emocionado

desfaço a hora
da leitura e nos textos
guardo letras
inerentes ao fogo

            consumido

sei fazer: desfeito
me reapresento
ao tempo

         e o tempo
         existe.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

RENASCER

Renascido, reapresenta o velho
corpo e o diz novo: come do prato
o pouco da necessidade e bebe
na taça o muito da vaidade: refaz
o caminho das lembranças. Ao novo
cabem conhecimentos antecipados.
Aos velhos faltam razões. Considera
a oportunidade e leva o corpo
ao banho: a água tépica entorpece,
a espuma amortece, o perfume
ilude, a sujeira permanece.

Realimenta a fera encoberta
ao render graças: abraça
os próximos ao aliviar
o rosto em tormento: renasce
na conta de não ter existido.


(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

ENCONTRO

O homem imóvel diante da porta
não responde ao cumprimento

sabe do momento
que se aproxima

reconhece na mulher
de passos rápidos
o encontro

imóvel diante da porta
o homem entende
o lamento subsequente

no bolso repousa a moeda
para o pagamento da viagem

na mão o lenço
com que enxugará
a lágrima de quem fica

a mulher se detém diante dele
e nada fala.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 11 de dezembro de 2011

ESCREVER

Ouve a música
    o vento atravessa
    ares: descoberto
    sofre o conhecimento
    e da música
    aguarda o contexto

ouve a música: lembra
o tempo refeito em cinzas
                   de pensamentos

no ar a música espaceja
e se dilui em tons
                insensatos.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

CONCRETAR

Resseco a planta duradoura
desmancho canteiros
cubro a terra no concreto
mundo do progresso

a terra permancece
na pedra introduzida
em veios de sapatas

a folha
a flor
a essência
o perfume.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

EXATO

Sou a forma exata
da correção formada
na deformação

repilo o incidente
e jogo pela janela
o pássaro desalmado
que invade o quarto

atrapalho o sistema
na elucidação da fala
e digo o que bem entendo

sinto sobre a face o vento
vindo de lá sei onde
porque não assisto
à previsão do tempo

sou a forma exata
na forma afirmativa
da desinformação

repito o ocidente
em viagens intercaladas
aos montes pascais

aproximo incidentes
na consequência
de ensimesmadas paixões
e me faço tolo
de aonde for e vier

sensibilizo o tema
entregue no capítulo
posterior da entrega
e da revelação

sou a forma exata
na afirmação erétil
do projeto canibalesco
da antropofagia

revejo a consciência
mnemônica no tanto
que ouço falar
em sangues e punhais

aliso a fronte em sensações
abatidas dos cansaços
decorrentes do andar

sereno o ânimo do profeta
e alerto o passado
reaberto em inquisições
do que está acertado

sou a forma exata
aproximada ao ato
no embalar a criança
recém nascida
no beço adormecido
de quem sempre faz

remexo em vespas
ao relento
no ferrão instalado
ao me fazer soldado
orador e pai

avivo a pedra
extraída ao veio
cristalizado em tempos
imemoriais

seleciono na companhia
o gesto com que gesto
a fama de mau rapaz

sou a forma exata
na inexatidão do instante
perpetuado ao início.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CONTROVERSO

No centro a controvérsia instala o medo
do desconhecido: a contestação prepondera
sobre o objeto: a vida apropriada submete
o instante: mágica sobreposta ao tímido
sorriso da moça em afazeres: irritado
pai compreende tarde a vontade
dos filhos: controverso o tema flui
inócuo: resulta vazio: descaracterizado
aos ouvidos surdos dos interlocutores.
Esperar a malícia do convencimento
iludir os fatos transformando coragem
em atos benfazejos: no centro esvazio
a ideia da perda: espero.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 3 de dezembro de 2011

TEMPESTADE

O tempo fechado
em tempestade
abre fresta
ao relâmpago
cortado na incerteza
da passagem

o barulho ao longe
desperta sentidos
de vidas inertes
sob os escombros
concretados dos abrigos

a chuva lava a terra
levada na sobrevivência
exposta no sacrilégio
da palavra dita
em desespero e medo

o tempo fechado na passagem
invade o ânimo e se deposita
por inteiro.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

RETIRAR

De cada morte
retiro
a vida

analiso
em nomes
       datas
    dizeres
e assinaturas

na última vontade
inconsciente
entendo as razões
do silêncio

em cada morte deposito
flores recontadas.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

IRREFLETIDO/IRREFLECTIT - o poema e sua versão

IRREFLETIDO



Não me reflito

ao cobrir o vidro

com espelhos

metalizo a vontade

inaudita de ser visto

resisto ao espaço

e cedo o corpo

em sacrifício.

Opaco: embaço

a vista.



(Pedro Du Bois, inédito)



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IRREFLECTIT



No em reflectisc

en cobrir el vidre

amb espills

metal·litze la voluntat

inaudita de ser vist

resistisc a l'espai

i cedisc el cos

em sacrifíci.

Opac: entele

la vista.


(Versão para o catalão, gentileza do poeta Pere Bessó i Gonzáles;

http://perebesso.blogspot.com)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

EM BRANCO

Apago na folha a confissão inodora
do planeta: azul, disse o astronauta,
e no espaço espalho dizeres
inconsistentes - discursos alheios
à paz exterior dos corpos - confiados
aos segredos. Avio a receita e descubro
doenças no corpo disposto ao leito: dói
em doenças inerentes aos amantes.

A folha em branco é morte sobredita
em vírgula desconsiderada, altares
opostos aos deuses em dizeres
transeuntes: ao povo incrédulo
cabem preces e seguir adiante
sem hora para o regresso: estanque
predito como espera e esperança.

Reescrevo o texto exemplificando
a cólera dos passantes: palavras
sobrepostas (antepostas) no coro
da tristeza. Leio o escrito ao povo
do lugar no silêncio solerte do cansaço.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 27 de novembro de 2011

ESPERA

O que espera: o horário oficial
dita passos apressados
no trabalho
o intervalo estressado
em conversas
ocas

desespera o dia perdido
em casa e anseia o recomeço

na luz esparramada
acorda: a voz oficial
determina o projeto
inconsumível
em todos os dias.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

EPOPEIA

Na jornada
épica do descobrimento
              (duplo desencanto)

         da terra finita
         e do escorbuto
         dos tiros trovejados
         e dos animais silvestres
         dos homens sanguinários
         e dos aborígenes reencontrados

encoberta história sob o manto
do desenvolvimento: a mentira recontada
como epopeia reflete sombrias figuras
desproporcionais aos feitos: o metal
temporiza o afã com que as pedras
circulam em jóias menores.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MARGENS

Entre margens, coragem, esforço,
desforço, razões exatas, leito,
corpo desfeito em lágrimas

o amor amplificado em gostos
de primeiras carícias. Estrada
percorrida no que é contado

história recontada de outra margem
acima, ao lado, abaixo, a pedra
no caminho, águas lentas, a frieza
dos amores terminam: acabam

na marginalidade do ocaso, o nome
citado exemplo. O bom exemplar
da música ao longe, tambores, oboés,
o violino marginaliza o estrondo
dos canhões destruídos em finais.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

COLEGIAL

Abraços
      e beijos                   juras eternas
                                     de amizade e paixão

caderno preenchido em sonhos
o primeiro porre embebedado
na angústia de nos fazermos
estéreis vidas: aceno ajuizado
na incerteza de sermos os mesmos
no passar dos anos

instantes
na falta de memória
 na falta de contato
  na falta de afinidade: no tempo
  justo da igualdade nos tornamos
  diversos em caminhos opostos
                               paralelos
                        confluentes

no olhar antes da porta aberta.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 19 de novembro de 2011

AGUARDAR

Não aguardo
a mudança oficial
das regras
       arremeto o verbo
       em destempero
       e não me guardo
       como profeta
       ascético
       ou eremita absorto
                         sobre a pedra

                         estou além do vento
                         e retiro
                         o corpo em constante
                         atraso

    oficialmente me desconheço
    e a lei aproximada
    conduz o texto
    em recesso.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CENTRO

Sendo o centro
           sofre com as modificações
           menores: raça submetida
           ao cansaço do trabalho diário,
           espaço invadido por insetos
           vários, o melhor pedaço consumido
           pelo inimigo, vontade insaciável
           de ser presente, a súbita morte.

No que se transforma, perde a identidade
caótica de ser humano: desconhece
a dimensão arbitrária onde se encontra.

Sendo o centro, não percebe as bordas
e vaga o vazio onde se incomoda.

Sobre o universo pairam dúvidas
de acobertamentos: o centro
se distancia em tempos aproximados.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

DOR

Não faço da dor
                     tema
        tremo suplícios

conheço do carrasco
a mão: látego
sobre as costas
lanha a pele

            o couro guarda
            a imprecisão do autor

dói como saudade
                sangrenta no início
dói como silêncio
                impossível no gemido
dói como terra
                na descoberta

o tema esvai o corpo
ao relento. E basta.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Progresso/Progrés: duas versões para o mesmo poema

PROGRESSO

Ser a madrugada
do tempo
anoitecido: barbarizar
o desconhecimento
em novas ciências
cientificar
a desnecessidade
de estar vivo
ser a divulgação do próximo
desacontecimento e se apresentar
na plenitude com que o regresso
traz o medo.

(Pedro Du Bois, inédito)
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PROGRÉS
 
Ser la matinada
del temps
fet nit: barbaritzar
el desconeixement
em noves ciències
cientificar
la innecessarietat
de ser viu
ser la divulgació del proper
desesdeveniment i presentar-se
en la plenitud com que el regrés
du la por.
 
(Versão para o catalão, gentileza do poeta  Pere Bessó i Gonzáles;
 http://perebesso.blogspot.com)

domingo, 13 de novembro de 2011

PROIBIDO

Respondo ao gesto
toco seu corpo
com os olhos
             olho o detalhe do decote
             corto a fração permitida

antes mude o cenário
passo entre o nada
e contemplo o permitido

                       permito o gesto
                       na afeição
                       ao fato proibido.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

FOME

Prova a comida, sente no gosto
o retorno onde a fome se alimenta
das lembranças; passos apressados
adjetivam a ânsia pelo reencontro

prova na comida a maneira
gentil de ser alçado ao fundo
da inconsequência; faz sentido
estar alimentado em murmúrios

repele o prato colocado ao centro
e aguarda, outro dia aceitará o mérito
descozido dos aplausos e saciará
a fome anterior do reconhecimento.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CORPO E ESPÍRITO

No âmago
o espírito
nega o corpo

desfaz o sentido
repousado da calma
e o transforma
na minúcia
dos dias

no extremo
o corpo
nega o espírito

refaz o caminho materializado
e se consome em dúvidas
ao largo do processo

o espírito
repete o corpo
e termina.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

QUANDO

Quando chegar a forma
inconsútil dos horários estará
junto ao barulho dos pássaros
soltos em gaiolas de horizontes:

        matéria prima utilizada
        no sempre da necessidade

de fora assiste
a luta internalizada dos profetas
a desdizerem passados

              escurecerem
futuros desagregados em ascetas

deforma o tempo e embaça
a voz difusa da visão menor:

        entorna o líquido
        sobre os passos
        e salga a terra

     a matéria utiliza o tempo
     em reformas e das previsões
     ressoam músicas antepassadas
     no barulho incessante
     do que permanece.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 5 de novembro de 2011

TRAÇO

No esforço
esboço o traço
descrevo em desenhos
arcos
parabólicos de descobertas

entendimento sobreposto ao vento
veto
   vetor
      vasto descobrir
      em desenhos anunciados
      no esforço com que o traço
      se completa sobre a folha

arcos
 ascos
  desespero sobreposto ao veto
  na revelação do sofrimento
                       do traço
                       esboçado
                       ao todo: papel
                       disposto sobre a mesa.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

SEPARAR

O fundo do quintal em árvores
infrutíferas: cardo, travo, a treva
da passagem bloqueia a hora
iluminada do caminho. O muro
separa propriedades e instala a diferença
fronteiriça da discórdia: elemento
da conquista exposto em pedras
empilhadas. O domínio da salvaguarda
e a extensão do ódio reprimido:
pegar a pedra e colocar sobre
a pedra anterior ao fechar a vista,
revoltar os olhos aos poentes
apagados em convivências. Do fundo
do quintal até a casa residem ideias
absurdas de tormentas: sobre a pedra
os olhos do menino contemplam
o mundo imaginário da vaidade.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

DESPROPÓSITO

Ao despropósito
das pedras preciosas:

raras jóias
deslumbradas
em noivos

- estar junto ao evento
  no portar da hora: jóias
  irreais posicionadas
  ao acaso -

     raras jóias
     em noivos
     deslumbrados

pedras preciosas
são o despropósito.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

TÂNIA

Em teu corpo

repousa o espectro

da renovação da vida



deusa terrestre

da conquista

avessa ao sacrifício



sabes deduzir a espera

e alimentar a vez

posta como fera



encaras o sentido

onde me guardo

e aguardas de mim

o que encerro



teu corpo seduz

o instante: o bastante

e o justo querer

do que me resta



resto em ti na diagonal

do espanto: és corpo

descoberto na espera anteposta.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 23 de outubro de 2011

NOME

O nome identifica
o nome dito
o nome chamado

o nome exposto no edital de citação
o nome repetido no reconhecimento

a família
a rua
a casa
o lugar

o nome concentra a tensão
onde se esclarecem questões

as questões não têm nome.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

TEMPO

Tempo necessário: lembranças
sobrevivem aos fatos

deturpados em versões
invertem verdades
remetem o gosto
ao desgosto

das paixões esmaecidas
sobram letras condoídas
na canção: gosto etílico

noites se alongam
em mistério: o desconhecido
paga a conta e se retira

          fatos permanecem
          em copos translúcidos

          a visão embaça.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

LIVROS

Desde que os livros estejam
nas mãos acertadas
em leituras: o texto
oferece ao outro
o destino em papel
de recados

aos livros segurados em estantes
contemplada ociosidade do espaço
em letras atentas
aos assuntos: nomes desconsiderados
repousam histórias de mitificação

as mãos retidas em livros condensam
ideias no extremo da coragem: meses
menores na vagareza da brisa
acrescentada: a leitura amena
na ficção acobertada
das verdades.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

DIÂMETRO



Diâmetro: a realidade não se acoberta
          responde pelo exato
          ao acerto das contagens
          no estado primário
          do ponto de fixação:

a distância aponta
sua metragem

          o início o meio o fim
          o fio tecido e trançado

por conta da distância percorrida
no beneplácito das promessas
o diâmetro se mostra confuso:

               o tempo recompõe
     a excelência da amostragem
     no que quantifica

a identificação da hora
em que noticias se expandem
no trajeto e fios seguram
o destino.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 15 de outubro de 2011

ONDE



Onde está a praia descrita
pelos pescadores antigos

     onde está a cidade de Londres
     que não conheço: de onde vem
     as informações imprecisas nos versos
     do poeta que não está lá:

     e não está Londres no lugar de sempre
     que cidades mudam seus lugares
     quando as levamos conosco
     em nossas imobilidades

onde está a praia recordada
pelos pescadores. Seus filhos
perguntam sobre a praia
desconhecida em histórias

      onde está a cidade de Londres
      se Londres está
      onde não estou.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

NÃO FAZER



Não me faço alegórico atrás de passados refeitos
em nenhuma glória: de graça o bagaço requer
o grito onde me acordo em sede de saberes:
sei do estudo do ensino do conhecer a história
dispensada em aspas de citações corretas e dos dias
surpreendentes dos mal entendidos: não me faço franco
o suficiente para acabar com as formalidades diárias
dos acontecimentos; estou presente ao histórico ato
conflagrado em tiros e discussões estéreis: as cartas
do baralho dispostas sobre a mesa contam passados
    apunhalados em alegorias de discursos encadernados
    sem ordenação: folhas soltas recriam ventos totais
    nos horários desconcertados; não me faço apresentável
    no trabalho unilateral dos desconsolos, ao diário
deixo o registro de ir embora no silêncio do encontro:
esquecer o texto soletrado no pouco tempo do estágio
reduzido em anos de esconderijos cofres e celas abertas
nas despedidas: não me faço benfazejo das horas
definitivas; não sou o escolhido ao recato do tesouro
de que me despeço sem outro olhar de quem faz contas.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

LIBERDADE




Vejo livre de ofensas
oferecido ao limbo
bicho costurado
ao corpo
escopo
de razões adversas
libertado
em versos


no corpo 
na desintegração
da rede destecida em espaços


a liberdade
conquistada ao tempo
onde se expandem
luzes energizadas.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 9 de outubro de 2011

BELEZA



Para que tudo (a paisagem
               a passagem
               o olhar
               o estar) fique
como queremos
o trabalho
se faz barulhento
       irritante
       impertinente
       ao olhar
                     ao escutar
                     ao sentir no ar
                     a tensão das mãos
                     o gesto dos braços
                     o suor pelo corpo
                     a poluição nos olhos

(dispostos em linhas sucessivas
 disparamos contra os inimigos
 que revidam aos nossos gestos
 em pé de igualdade).

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

DOMESTICAR




Cavalgar o animal: acinte
em que nos fazemos hábeis
e indóceis na conquista

           a supremacia
           reflete a morte
           na absorção dos fatos

ter as esporas
    o laço
    o cabresto
    o buçal

fazer do animal o zeramento
da incógnita

            dar-lhe comida
                    água
                  e abrigo.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

OUSAR



Ainda não ouso tocar
a essência do movimento: teso,
aguardo do vento a ventura
de estar presente

criança, anseio a velhice
no grito atravessado
ao poente

posso não estar certo
do momento, anseio
estar junto e coerente
no físico brilhar
da estrela

ouso o toque serpenteado
da verdade: arremesso a pedra
e aguardo

o toque surdo
dos encontros.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

NORMALIDADE


Da normalidade do acaso
aos oferecimentos e ocasos
sei como afirmar o tempo
desnecessário de onde retiro
a anormalidade dos fatos

sobre o espaço do corpo
na sofreguidão da hora sei
da intenção singela do homem
perseguindo suas saudades,
do desencontro na lembrança
dos desacertos

perdido em pensamentos
irrealizáveis e de estar aqui sentado

a normalidade predispõe entregas enfatizadas
em regras encobertas aos que veem de fora

engano o próximo na solicitude do acordo
e me desfaço em inconsequências;

ao acaso confio a anormalidade 
e do caos retiro a sequência dos ocasos.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

SEGREDO

Não me ofereçam
segredos
em troca

no mistério
residem
as contemplações

ver
e ouvir

ter medo e resistir

segredos revelados
se apresentam
inócuos
e esmaecem na rapidez
do atalho
das respostas.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

BONDADE

                    Sua bondade
                    ofende: reparte o pão
                    na comunhão do almoço

             repete o gesto
             alcança o rosto
                         ao carrasco

altera o significado da palavra
e luta no pressuposto
da batalha

                      a ofensa invade o espírito
                      e se faz vingança

na despedida dardeja
esperas e se faz sentido
                          sentimento
                          sentimental
                          razão do anonimato.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CRESPÚSCULO

Ao crespúsculo ofereço
a luz
arrefecida
e aos amantes
internalizo o vazio
do escuro olho
que me avista

esqueço a briga anterior
e preparo a próxima luta

enluto a arena
em sangue derramado
no crepúsculo do espetáculo

evito os aplausos e me faço
em escuros textos de erráticos
seres abandonados: aos amantes
ofereço o líquido, o sono
amedrontado e o desarmado corpo.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 24 de setembro de 2011

MEU PAI

Caminho entre túmulos
dispostos
em flores
fitas
datas
e dizeres de adeus
e permanência

arranco do solo o inço
que viceja

vou embora sem encontrar
você

   além de túmulos
                     fotos
                    flores
 e inços vicejantes.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

EMOÇÕES

Afasto a emoção e na frieza da noite
                                           escureço
                                           o caminho
                                           e não sinto

não pressinto
não percebo
não me comprometo

o distanciamento
me leva ao enlevo
e através das horas
me afasto
e não percebo

a emoção perdura entre os dedos
na sensação da ausência

        afasto o sentimento e sufoco
                   a sensação
                   emotiva
                   do presente.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

AUSENTES

Sento com os meus
e presto atenção no silêncio:

nas palavras não ditas
nos gestos não esboçados
na apatia que nos cerca

          nos olhos presos
          na tela
          iluminada

as luzes confundem as pessoas
e as acostumam
em ausências.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 18 de setembro de 2011

TERRITÓRIOS

Rasga a bandeira
e se declara: anônimo
ser desterrado - na terra
seca de saúde, saúda
o pedaço conflagrado
e o arremessa ao vento

o território demarcado
aprisiona: dentro e fora

a bandeira integra o rito
do aprendizado
e o contempla
em margem
demarcada

desmarca o território
e o integra
à totalidade.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

CALORES

No calor do corpo
enregelo o abraço

mãos antepostas
aos dedos
em ultrapassagens

     sinto no frio
     a quietude
     em que me transformo
     no olhar disposto
     ao contato

no calor do corpo
sustento o encontro

mãos atravessadas
em gestos
de promessas.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

VER

Contemplo a morte
presente
   pressente
        aparente

não a verdadeira morte
nauseabunda

(a gata prenhe e gorda
 sobre a relva em busca
 do espaço perdido
 na fertilidade)

          contenho a morte
          no instante referente
          e a congelo
          em imagens

(não a gata, preta e branca
                 gorda e prenhe)

              convivo na morte
              anunciada em nascimento.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

VEJO

O divisar da terra: o animal se alimenta da pobreza
e na aparência disforme dos corpos se delicia na incerteza
de que o próximo será a vítima circunstancial
da fome; terror estabelecido como norma:
política instilada no medo
do terror acobertado ao tolo
sentimento do temor; o iniciar
da batalha nos olhos da profundeza
onde infernos se destacam
no caminhar sobre a grama;
não tenho medo, tenho a angústia
do final da tarde e sobre enigmas
e amuletos refaço gestos: o divisor
da terra veste roupas da época e sua voz
se destaca no ataque: cumprimentos
ecoam as visões. Tenho medo.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 10 de setembro de 2011

DESABRIGAR

Desabrigo a mosca enfadonha
em vida: alimento conspurcado
na ciência arredia dos amantes;
esmago a mosca e do visgo altero
o planeta em desdita: o dito
considerado prova na marca
deixada pela mosca; na parede
reside o restante inanimado
do inseto; na vida continuada
ao esmagar da mosca habita
o desabrigo: vivo no esmagamento
do homem em mosca, sem visgo;
o vigor do homem sobreposto
ao resquício: o som da televisão
ultrapassa o que vem de fora; sobre
a impressão do corpo da mosca
o pano retira a lembrança: o desabrigo
oferece consequências, a mosca morta.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

SOM

Ouço o som: aqui me demoro
em abraços
e sobre o parapeito
a janela se fecha
em estradas

do som recai o dia
anterior ao abraço
e retiro a amada
dos aconteceres

som: a ideia centralizada se desloca
         ao fundo.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

MISTÉRIOS

O bolso repleto
de mistérios: inícios
guardados no alvoroço
da conquista - o que mais
pode fazer em cada uso -
na entrada da noite, entre o jantar
e o sono, contabiliza o sucesso
em formas diversas: retira
do bolso o mistério e o transforma
em formas conhecidas, acrescenta
em cada episódio a incerteza
do crescimento: longe atira
o papel picado, longe acerta
o parafuso sem a arruela, longe
destaca o cheiro amorfo do inseto,
longe se refugia do futuro.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 4 de setembro de 2011

SOBRE O MUNDO

Do umbigo do mundo
saem as conquistas.

Não os tímidos
os medrosos
os indicados
a olharem seus narcisos
                         incolores
e se lançarem ao mundo.

O mundo são meus umbigos
em revoltas.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

SERES

Seres medem as consequências
dos atos praticados. Tarde. Tardio.
Tardiamente na contração das mãos
em algemas. Medem o exercício
da vida em frases de efeito. Medem
os defeitos dos vizinhos e se deixam
consumir em conversas vazias
de diariamente. Seres compreendem
a transformação da semente e a unicidade
do tempo. O espaço permanece nos olhos
fechados. Seres mentem sonhos.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ÂMAGO

Conhece do fato o sumo
e a sica
com que amarga
a boca

a resposta e a pergunta
diferenciadas

sentido gosto e o desgosto
da fruta inconsumível
no verde maduro
das paixões terminadas

sobre respostas aguarda
que as perguntas se completem

joga fora a casca
a semente
e o bagaço

não lhe interessam os sumos.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 28 de agosto de 2011

ESCREVER

Escrevo o pouco
desnecessário
aos signos: sinalizo
a finalidade e me desdobro
em esquecimentos

ao precisar o objeto
o trajeto recua
encontros: palavras
não significam: fragmentos
de experiências reduzidas
no esquecimento

ouço sua voz
e a eternidade obra
a recompensa: escrever
é limite da frequência.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

FRIO E MEDO

Trazes o frio e o medo
com que te cercas
através dos tempos

és o barulho das ondas
que te alteram
os passos

para e espera
outro sussurro ouve
apura o passo
               corre e passa
          em frente ao vento
          e aos gritos
               espanta as sombras
com que o olimpo
se apresenta invisível

tantas vezes invocas os deuses

não é agora o encontro
entre frios e medos.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

VIDAS

dor deparada no prenúncio
fim instalado
surdo
camuflado
cronológico
implacável

luta aberta em batalhas perdidas
na mutilação e reposição
dos corpos

a reinvenção do corpo
no reaproveitamento das partes

dor escondida na desvirtuação dos sentidos
onde ondas são apagadas
da memória

ondas retornam em vagas
o corpo completa o ciclo

o fim permanece e aguarda
a sua chegada.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

MOMENTO

Estás aí, momento
em que a vida
se transforma
e na escuridão
se faz presente

és notícia transmitida
em seca esperança

tens o instante e o faz infinito
no sofimento anunciado posto folha
no chão do inverno que se apresenta

na tristeza companhante
do fim dos dias.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

PALAVRAS

A palavra descerra o pensamento na imaginação da confirmação
do todo. Tudo tem o (pre-s)sentimento de estar aos pés
da natureza a incerteza consertada em alvores. Persigo a matéria
deletéria em construções originadas na semelhança entre o saber
e o conter (em si) do rasgo. Rasgar, sei - e soube -, deslumbra
a palavra em significados desorganizados. Meu pensamento
                                                                     absorve o extrato
                                                                     retirado do acaso
                                                                     e o faz perene.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O NOME PROVISÓRIO

Não falo sobre os nomes.
Acredito na felicidade dos fatos
recontados em mistério: a moral
confabula figuras no limite

                 da história
                 do histerismo
                 do hiato.

     Desacredito desde criança
     na hesitação do mistério.

(Pedro Du Bois, A PALAVRA DO NOME, 5, Edição do Autor)

domingo, 14 de agosto de 2011

INEXATO




Inexata hora da chegada,

sem quadro de avisos nem aviso prévio.

Confuso tempo em que está agora

sem classificar seu ponto de espera.



Inexato espaço a ser ocupado

pelo corpo de todas as horas.

Carícias com mãos suaves

amaciadas em tantos tratos.



Inexato tempo em rubras horas

do antecipado ocaso do dia raso.

Noite de estrelas entre nuvens

rápidas sobre as cabeças.



Árdua tarefa de descansar o corpo.

Ideias de afetos

            em malcriada

espera da alvorada.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

MARGEM




Margem

realidade crua

entre faixas

que se estendem

como cobertura.



Marginalizados

buscam caminhos

onde não tenham

de participar efetivamente.



Da margem

empurrados para longe

como se possível fosse.



Margem

pintura da miséria

em placas indicativas

que nada dizem.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

TALVEZ A FELICIDADE I




Talvez a felicidade esteja nos pequenos nãos

ditos uns aos outros

passagens de pouco aproveitamento

negam evidências de que podemos ser felizes

esgarçam relacionamentos em tantos sins

insinceros sins que não se realizam

promessas prometidas promessas.



Talvez a felicidade seja o buraco na porta

réstias de luz a cegar nãos malditos

ditos nas horas erradas de tormentas

encontros entre árvores petrificadas

taludes de sins inexistentes.



Talvez a felicidade nem exista

sonhos irrealizados em dias frios

de negativas afirmativas estorvando

caminhos nunca abertos para nós.

(Pedro Du Bois, inédito)


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SILÊNCIOS

 
SILÊNCIOS
Tanto conversamos
em silêncio
seus olhos perguntam
respondo olhares
mágoas
tristezas
iras
raivas
surdas maneiras
de nos fazer entender
não estarmos juntos.
(Pedro Du Bois, inédito)
 
 
 
 
SILENCIS


Tant conversem
en silenci
els seus ulls pregunten
responc mirades
marques
tristeses
ires
ràbies
sordes maneres
de fer-nos entendre
sense estar junts.

(Pedro Du Bois, inédito; versão para o catalão, gentileza