domingo, 29 de junho de 2014

meiotom poesia&prosa

Trajetória Oposta, em:
http://www.meiotom.art.br/dupo14opos.htm

CORPOS

Desaqueça o corpo
não é hora de contatos
só as mãos estão quentes
nos movimentos do trabalho

a carcaça fria prenuncia
o fato nos relógios badalados

no frio olhar adiante
e ao lado transcendente
de alma e espírito caricato

morte não acontecidas
no ferimento e anseios e meios
em águas profundas no cobrir
corpos exangues sem feições

feições próprias dos ares
e corpos sobre a cama
onde gestos denunciam
o movimento da entrega.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Ares e Mares

Trajetória Oposta, em:
http://www.aresemares.com/index.php/materias-especiais/trajetoria-oposta-de-pedro-du-bois/

AVINAGRAR

O vinho bebido
em curtos goles
sôfregos

instante em que andarilhos
surgem dizendo cumprir profecias

o vinho embebeda o corpo
em curtos goles
trôpegos

fossem lágrimas infantis
na espera de acordes
de outonos: andarilhos
em lendas de profecias

no vinho o equilíbrio
e o copo caído
sobre a mesa.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

(A)GUARDAR

Não guarde dos sonhos
as revelações das profecias
não concretizadas

não guarde da insônia
a raiva pela tensão
no atraso da vírgula
ao regular as frases

não guarde papéis de balas
de miúdas letras saudosas
no amargo do retorno

não guarde o embalo do berço
na voz suave do acalanto
em gesto de autoridade

não guarde na memória
o sono inconcluso da infância
no acordar repleto de verdades

não (a)guarde o transcorrer
das horas na inexistência do tempo
em que você é quem passa.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 23 de junho de 2014

RETORNOS

quando retornamos
            a vida suspende seus atos
            de recomeço: o avanço insignificante
            na necessidade do reencontro: sonho
            desfeito na primeira paragem: o desconforto
            da volta na idealização do passado
            em repetição indevida: o retrocesso
            na chegada: corpo desabado em lágrimas

quando retornamos
            temos consciência da volta: não lamentamos
            a determinação de alertadas figuras
            desde sempre: conhecemos nas nuvens
            a inconstância: o vento determina
            caminhos e desvios: alturas e cores:
                                           a sede da chegada

quando retornamos
            estamos cientes do pesadelo
            terminado ao abrirmos a porta
            e dizermos: chegamos.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 21 de junho de 2014

ALÉM

Além do despertar
habito hora
             alguma

para lá
    olho
na esperança

fosse a negação
            repetição
em outro formato

e o rio possa
refazer curvas
e passagens

o além do sono
          me habita
no que não tenho
de coragem.

(Pedro Du Bois, inédito)

Leonardo Sodré

Pano, em:
http://www.leonardosodre.com/2014/06/pano.html

quinta-feira, 19 de junho de 2014

El Rincón de Ana Lucía

10 poemas, em:
http://losescritosdeanalucia.blogspot.com.br/2014/06/poemas-de-pedro-du-bois.htmlhttp:

BIFURCAÇÕES

Quando acendo as luzes
vejo-me no encontro

           fotografado em peça estática
           de olhos sobre a porta
                   na fronte fechada
                 em novas entradas

A estrada não traz os companheiros
que foram embora na desigualdade
            da porta aberta ao relento
            na pesada idade da descontração
            em notícias sobre músicas
            envelhecidas: imagens dos mortos
e dos (não) vivos - são diferentes - presentes
ao encontro.  Em cada sessão menos pessoas
              buscam novos caminhos: bifurcações
             de que minha bisavó contava histórias
de tempos perdidos e trajetos não percorridos.

(Pedro Du Bois)

terça-feira, 17 de junho de 2014

Athos - Lúcia Freire

Envenenar, em:
http://athos-luciafreire.blogspot.com.br/2014/06/envenenar.html

SOLIDÁRIOS

Ao nos aproximar
sabíamos
(sempre)
do perigo no encontro
- a sombra traz o todo

águas passadas
montanhas parem ratos

perigosos sujeitos
insensíveis ao tato
            e aos olhos

domesticados em globalizados
estoques de átonos sentimentos

dispersamo-nos ao encontro
do desatino e o encontramos

só nos perguntamos
(às vezes
      quando envelhecemos)
se não seria melhor
o outro caminho.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 15 de junho de 2014

meiotom poesia&prosa

Pano, em:
http://www.meiotom.art.br/dupo14pano.htm

Música, em:
 http://www.meiotom.art.br/dupo14musica.htm

EMBRULHOS

todo papel embrulha
                 embrulhos
                 embrulhados estômagos
                 acidificados em orações
                 desembrulham pedidos
                 em coisas conexas

o papel é o primeiro empecilho
para ver a chegada do barco

o opaco impede a vista da torre
amanteigada em formas

desembrulhado     o invólucro
                        resulta inócuo
                     no sério e ousado

todo papel se transforma
em iguais maneiras
desobrigadas.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 13 de junho de 2014

LOCAIS

Meu endereço
        mero adereço
        do corpo estanque

aqui estou
       aqui sou
       aqui posso ser encontrado

longas cartas manuscritas
descrevem a dor nas lágrimas
                    da partida: selo
                    minha vida e a remeto
                                       ao endereço

correto em minhas dimensões

notícias aportam sob a porta
no endereço fornecido

                   aqui estou
                   aqui sou
                   aqui fui encontrado.

(Pedro Du Bois, inédito)


quarta-feira, 11 de junho de 2014

SUMIR

O desaparecido
buscado na angústia

(o telefone
         mudo)

as providências legais
no prazo (decorrido)

o perigo do esquecimento
atormenta a lembrança
na incerteza (raiva controlada)

o desaparecimento na impotência
da esperança tornada tênue
olhos ansiosos além das vidraças

a certeza               da não chegada
                   na interrupção da vida
                                           por nada.

(Pedro Du Bois, inédito)


segunda-feira, 9 de junho de 2014

PREMISSAS

Premissas no entendimento roto
do maltrapilho espírito sapiente
                      cidadão do mundo
aramado que o cerca em verdades
                                       desditas

a hora do almoço do literatos e suas letras
suspensas sobre armários
                balões de ensaio frustrado
                na intervenção em espaço
                desaproveitado: o medo cerca
o discurso e o cego
                          avança o bastão
                          derrubando premissas
                          em reagentes químicos
                          de perguntas sobre futuros
créditos oficializados em dívidas de sangue
não pagas no exame diário das questões
repostas no branco na memória

premissas trocam de lugares
e alargam a sala: literatos se retiram
em alas: os de sempre
           e os de agora
              os recém chegados
                   e os matemáticos.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 7 de junho de 2014

SILÊNCIO

Respira o silêncio: não existem vozes
diluídas em seu cérebro
            nem mensagens
e ordens: nada além
do silêncio alucinando
a memória
           na deslembrança
dos fatos perdidos.

Barulho em diferentes
formas (não o escuta?). A certeza
desmorona prosaicos sons:
e você
       onde se encontra?

Repete o gesto: o silêncio se entranha
no que resta de onde vem o assustado
ser do que não é dito.

Retira o som: a batida sincopada
avisa da chegada: dísticos dizem
do som em árias
             e sinfonias:

                         branco inferno: silêncio.

(Pedro Du Bois, inédito)
         

Modus vivendi

Música, em:
http://amata.anaroque.com/arquivo/2014/06/musica

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Revista Diversos Afins - Leva 91

Alguns poemas, em:
http://diversosafins.com.br/?p=7770

FURACÃO

No furacão
                o olho
         quente zona
         não erógena
         justifica a fúria
         e encaminha o traço

triste natureza
em espiral progresso.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 3 de junho de 2014

CICLOS

O meio da noite
repleto: dorme
até se evadirem as sombras
em outras cores
e coragem
onde se esvaziam os pensamentos
passados: os dias
acrescentam histórias em farsas acesas
nas repetições inócuas das passagens

o acordar transborda o instante
em que volta ao convívio
no lapidar das entretelas: acende
o dia no banho que antecede
o encontro: no falso
sorriso resplandecem alvos
dentes: é você o alvo
e não sabe.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 1 de junho de 2014

meiotom poesia&prosa

Mãos, em:
http://www.meiotom.art.br/dupo14maos.htm

Música, em:
 http://www.meiotom.art.br/dupo14musica.htm

INJUSTIÇA

A revolta
a indiferença
a desonra
a injustiça não exige contrapartida
                nem motivo e alegoria
se apresenta proprietária
e toma o espaço
avança
ergue muros
onde se abriga

os gritos não ultrapassam
as paredes na indiferença
contida em humores
desencontrados. A desonra
                  em desperdício
                  acompanha o corpo
                  ao desabrigo

soberba na injustiça
se refaz em glória
de novos amigos
              servos
              decompostos.

(Pedro Du Bois, inédito)

Ares e Mares

Mãos, em:
http://www.aresemares.com/index.php/materias-especiais/5933/