quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

SAGRAÇÃO

Nos primeiros tempos

têmpera sobre aço

reforça o esforço

lança ao espaço

o fogo

ardente

da espera

e no terraço

aguarda a volta

do interesse aflito



calcula a área descrita

em versos e do reverso

revigora a alma no cansaço

das esperanças



a conversa ao telefone

direto ao ponto

ao porto

a porta aberta

ao delírio



descreve em arcos o interesse

repentino das refregas

e das lutas intensas

dos incautos

repara no antebraço

com que o vilão

apura o golpe



reescreve e no restante

adianta o sofrimento

do corpo



a dor da memória

onde caninos e dedos médios

indicam o não escutar

do refrão insistente



aporta ao largo e desfaz as ondas

repentinas das saudades

na água cristalina

dos lampejos

e dos reflexos



foge ao primeiro ataque

do esconderijo espia

a poeira cobrir a rua

onde o restante da casa

destruída em ecos

estremece o chão



colabora na velhice com o anteparo

da morte desdobrada

em adeuses

irritantes e inócuos



a idade consubstanciada

na dificuldade

de se fazer ouvir

ou escutar

ou dizer

do passado a história reescrita

em cada época e décadas

decantadas



o alvo fácil dos parques de diversões

em armas virtuais das realidades

anômalas onde derrubam animais

mecânicos e no linguajar aberto

dos desafetos dizem verdades

inoculadas em vacinas

descobertas após

o veredicto



verdadeira é a palavra escrita

riscada em papéis de seda

para que na folha debaixo

fique em decalque

o ressurgir do traço

mentiroso dos regressos.

(Pedro Du Bois, inédito)

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