Não me faço alegórico atrás de passados refeitos
em nenhuma glória: de graça o bagaço requer
o grito onde me acordo em sede de saberes:
sei do estudo do ensino do conhecer a história
dispensada em aspas de citações corretas e dos dias
surpreendentes dos mal entendidos: não me faço franco
o suficiente para acabar com as formalidades diárias
dos acontecimentos; estou presente ao histórico ato
conflagrado em tiros e discussões estéreis: as cartas
do baralho dispostas sobre a mesa contam passados
apunhalados em alegorias de discursos encadernados
sem ordenação: folhas soltas recriam ventos totais
nos horários desconcertados; não me faço apresentável
no trabalho unilateral dos desconsolos, ao diário
deixo o registro de ir embora no silêncio do encontro:
esquecer o texto soletrado no pouco tempo do estágio
reduzido em anos de esconderijos cofres e celas abertas
nas despedidas: não me faço benfazejo das horas
definitivas; não sou o escolhido ao recato do tesouro
de que me despeço sem outro olhar de quem faz contas.
(Pedro Du Bois, inédito)
Você é franco o suficiente, mas o grito é necessário para dizer basta às especulações. Uma das suas qualidades poéticas é defender a voz e não o silêncio. Um abraço, Yayá.
ResponderExcluir"esquecer o texto soletrado"... coisa de poeta ao acaso, ou poeta atormentado?
ResponderExcluirCaras Yayá e Adriana: nada seria quem escreve sem suas leituras: a interpretação conduz o texto à luz. Grato. Abraços, Pedro.
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