quinta-feira, 9 de junho de 2011

O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS

O gosto sobre as questões responsáveis, escuro
tempo das tentações na limitação a baratear os corpos
e extrair a seiva e o seixo caído sobre a estrada
onde passa - sim, um dia - ao encontro dos desgostos;
pássaros aziagos e entremeios em choros;
choupanas de serenas faces; olha e observa
o encontro da água com a terra: margens sabem
a limitação das coisas; o choque e o amainar das paixões
servis de espíritos menores; menores os temporais
deixados para trás; o futuro aumenta as possibilidades
de ser novamente criança, vinda das séries
mentalizadas: fadas e gnomos, os gomos da laranja
como se mordiscam as frutas, o sumo escorre
pelas vestes, pestes invadem espaços e cores
impressionam a tela - branca e imaculada - como
vozes em gargantas estanques de súbitas
orações e oradas; silvestres espíritos dos deuses
descorados, descoloridos, desesperados em predições;
não se vá, dizem as vozes, fique e participe do sacrifício;
insentatos sacrilégios na abertura ao novo, o engodo
com que castigam os cegos; repete o verbo,
simula canções de outrora sem o tom certeiro.

(Pedro Du Bois, O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS, Vol. I, Edição do Autor)

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