Aceno no reconhecimento ao adeus
do pranto: ir embora no rompimento
amigável e hostil do ato da partida
aceno e evito olhar o passado
esqueço o travo e desconsidero a hora:
partir é mergulhar o horizonte ao fosco
ao tosco ao cansaço do corpo no presente
refaço o trajeto em acenos
e revolto o corpo
(sonhos permanecem nas paredes
onde insone passeio minha vontade)
não aguardo a chamada
desapareço na estrada
pago a passagem com o suor da espera
e me reconforto com o trajeto
(lembro a imagem errante do espelho
e pergunto se há outra reflexo)
ir embora na culpa de não ficar: reflexiono
sentimentos e me faço inteiro ao dano
oportunizo o lancinante aspecto
e o despropósito inconstante: entrevejo
a bruma e a chuva e no escuro tempo
sou louco cego mudo ao desalento
(trancado em anos na vontade de sair
da casca e fazer do pássaro o espaço
na utilização do corpo como escopo)
volto ao tempestuoso dos que ficam:
felizes os estanques que é do andarilho
o erro do trajeto e a cristalização da terra
ao barranco ofereço os pés na escalada: caio
no esforço: levanto e sigo a necessidade
alterada das dificuldades
(deixo folhas ao veredicto
da vontade: palavras não suprem
a necessidade de ver o mundo
com meus olhos)
cego de paixão ergo o punho em vingança:
sair avantaja o ser aos que ficam.
(Pedro Du Bois, A NECESSÁRIA PARTIDA, Volume II, Edição do Autor)
Anledningen
Há uma semana
Lindo poema "Necessária Partida", o li por tres vezes agora e sente-se a mesma sensação a de que era necessária a partida.
ResponderExcluirÓtimo.
Grato, Maria Luiza, pelas suas leituras incentivadoras. Abraços, Pedro.
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