domingo, 10 de junho de 2012

SURPRESA

O elemento surpresa onde se escondem
as mudanças. O estertor com que  fogo
queima o estrado e o preso se arrepende
em novo ano. Não reconheço a espera:
                       o esperto acreditar
                       no futuro: o inexplicável
                       alvoroço do cão: o amargo
                       da vida na ilusão passageira
                       do amigo. Folgo em me colocar
contra a janela: inocento o suspeito. Suspeito
de outras eras: chego sem ser anunciado.
Desdobro a canção dos horrores
consumidos em preitos
                    panelas
                e tigelas. O elemento
e a presa na hora em que o circo
pega fogo e o mundo se desmantela
no imitar do bandido ao espoucar
da pipoca: a chave em giro
mecânico na porta.

(Pedro Du Bois, inédito)

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