segunda-feira, 25 de outubro de 2010

LIMA E CANHOTO

Arthur Moreira Lima
Theatro Santa Roza
Bairro do Varadouro
João Pessoa, Paraíba
Primeiro semestre de 1996
(ou teria sido em 1995?)

Pede desculpas, dedilha a teclas.
Mais da metade não respondem
ao seu toque. Ocas. Sem som.

Não havia como tocar naquela noite.
Promete voltar em setembro: desconfiança.
Risos irônicos.

No palco, em substituição,
Canhoto da Paraíba e seu violão.

Quem nunca ouviu Canhoto
morrerá sem entender ser a música
dulcíssimo céu e suas divindades.

Síntese e virtuose do som cadenciado
encadeado como feitiço feito.

Em setembro, lembrando Canhoto,
Arthur retorna: piano afinado.
Outro canhoto ou destro, tanto faz.
A noite faz-se música em nós.

(Pedro Du Bois, OS SENTIDOS SIGNIFICANTES, Ed. do Autor)

2 comentários:

  1. Belíssimo, PEDRO!

    Os canhotos não tem nada adaptados para eles. No entanto quando se fala em música, são quase sempre os melhores.

    Beijos, poeta!

    Mirze

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  2. Cara Mirze, Canhoto da Paraíba foi um fenômeno musical. Desde sempre pobre, quando criança, teve que dividir um único violão com todos os seus irmãos. Era o único canhoto. Como não podia mexer nas cordas, aprendeu a tocar com o violão invertido, com as mãos trocadas. Portanto, um mestre inigualável. Grato pelo seu retorno. Abraços, Pedro.

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