sábado, 16 de outubro de 2010

JOGOS

Corre, no deslocamento espera a bola;
no lançamento, a bomba sobre a cidade;
o centroavante busca o espaço
onde a bomba lançada explode,
contra a trave a bola se choca;
corpos retalhados atirados
de volta ao meio de campo;
não há repouso para os corpos;
carçaças expostas; a falha na jogada;
insepultos, empobrecem a paisagem,
frustram a atenção da torcida,
incendiando a raiva que perpassa;
cabisbaixa, começa a deixar o estádio;
povo subjugado pela força, a volta
se mostra inócua; o vencedor espera
ser para sempre, que a casa explodiu
com a bomba; efêmero lapso
em que a derrota cristaliza.

(Pedro Du Bois, O MOVIMENTO DAS PALAVRAS)

4 comentários:

  1. Um "JOGO" forte e real!

    A mistura e mixagem da realidade do jogo com a realidade de outro tipo de jogo, onde o vencedor perde sempre.

    Um espetáculo, Pedro!

    Parabéns, poeta!

    Beijos

    Mirze

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  2. Pedro, ler-te em plena madrugada é plenitude, é transcendental!
    Obrigada por estas linhas tão vivas, mente iluminada!
    Estou em www.anaconfabulando.blogspot.com, visite-me e confira as novidades!
    Abraço.

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  3. Como um Jogo em tuas palavras tem mais vida... que belo poema!!!

    Um beijo amigo

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  4. Caríssimas companheiras em letras: ter suas leituras, em si, justifica o escrever. Abraços, Pedro.

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