sexta-feira, 29 de outubro de 2010

DESCOBERTAS

Espera a água encher o pote
para ferver na vasilha o líquido inodoro
e misturar o chá necessário e forte

faz da infusão saudade e sorte
ao conhecer no sabor o vento e morte
e espargir o líquido em suor e norte

espia na vasilha o borbulhar da água
e espera o chá esfriar no pote
ao misturar a sorte necessária e forte

faz de conta que nada vale
o olhar perdido em horizontes ao norte
e sem mirar estrelas nem usar astrolábios
apenas entrever a terra avistada em frente.

(Pedro Du Bois, DAS DISTÂNCIAS PERMANENTES, Ed. do Autor)

4 comentários:

  1. Poeta

    Gostei, estou seguindo.

    faz de conta que nada vale
    o olhar perdido em horizontes ao norte
    e sem mirar estrelas nem usar astrolábios
    apenas entrever a terra avistada em frente.

    Nas entrelinhas está o sentido, adorei.

    Beijo
    Sonhadora

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  2. Pedro!

    Um poema de extrema sensibilidade! Norte-morte-cha e sorte formam a fumaça que esvanece!

    Parabéns! Belíssimo!

    Beijos

    Mirze

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  3. Pedro, este poema é também canção, nossa! traz uma musicalidade pulsante.

    Beijos.

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  4. Sonhadora, Mirze e Carmen: certas distâncias permanecem. Por isso seguimos, seja em música, seja em versos, ou apenas em silêncio. Gratíssimo pelos retornos. Abraços, Pedro.

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