Nascimento, em:
terça-feira, 9 de março de 2021
FIDELIDADE
A fidelidade demonstrada
na traição imprevista:
diferenciação da imagem
translúcida do oponente
o recorrente raciocínio
ilógico das correntes
prendem o instante
permanece fiel a quem contempla
e na infidelidade trai
o objeto
da sentença
ser fiel é padecer no todo
o fragmento.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 7 de março de 2021
RUÍDOS
Coleto ruídos
ensurdeço
em prateleiras altas
e gavetas cheias
ruídos são provas
da vida: essência
antagônica do desdito
rugem feras
engaioladas
soam sirenes
explodem fogos
surgem em espaçados
ventos os ares represados
ruídos indicam a passagem
e o silêncio.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 5 de março de 2021
HABITADO
Não habito
meus fantasmas
escondidos em armários
com portas e chaves
habito o desconhecido
álibi em criminosas
cenas e me afasto
na chegada da polícia
habito o hálito inconfundível
do demônio e o histrionismo
do ator entre cenas
habito o espaço
das paixões
arvoradas: assobio.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 3 de março de 2021
NASCIMENTO
Vida prévia: a sensação
de plenitude nos movimentos
repetidos: o som
do líquido contra
a parede: o contato
físico desconhece
a existência de barreiras
a vida em filas
diárias de nascimentos
o ponto separa o corpo
do corpo: isola os seres
e faz se reencontrarem
em separações
repetidas: de dentro para fora
do corpo
da casa
da vida.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 2 de março de 2021
Modus vivendi
segunda-feira, 1 de março de 2021
FINITUDE
Na finitude dos sentimentos
a hora
é o travo: o desânimo
em razões submerge
a lágrima
entremeada ao olho
(a música cessa
a palavra cala)
o grito esteriliza
o gesto: assusta
o pássaro
(os olhos se fecham
em lembranças).
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 27 de fevereiro de 2021
JOGOS
O jogo
ilude a racionalização
concreta de vivenciar
o ato: o jogo
transforma o ato
em fato desconstituído
na tarefa inconsequente dos extremos
traduzida em regras inviáveis
o caos decodificado
em fórmulas: a inviabilidade
da vida recolocada no gesto
alcançável da passagem
o jogo sobrevive em rústica
ideia de domínio: o azar
e a sorte
confirmados.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
DISCURSO
O discurso reafirma
a igualdade
na sobreposição
das imagens
palavras são uníssonas
formas de desigualdades
conduzidas ao termo
comum das necessidades
(o reconhecimento gera
sorrisos: a criança
balbucia o encontro)
no tempo de agilidades
a palavra retorna ao eco
sinalizado nas pradarias
como mero gesto.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
DERROTAS E VITÓRIAS
Derrota: estéril me apresento
no isolamento da palavra negada
aos afazeres: recolho ideias
e as coloco sobre o piso
sapateio até que indeléveis
não sejam notadas: a derrota
iguala e no silêncio
traço despedidas: no vento
em nuvens tenho o desenlace.
Derrotas não me ensinam
arbitram a vida e a tornam imenso
vazio decorrido em perdas. A vitória
seria a vida: o pulso acelerado
diante da amada e na certeza
pulsam ideias indefinidas.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
RECOMPENSA
Pergunto pela recompensa
sou posto para fora
bicho enxotado
com a vassoura: varrido
do espaço na glória
imaginária
recompensa é recomeçar do nada
fechado em novas experiências
que a glória é o leme quebrado
durante a tempestade.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 21 de fevereiro de 2021
sábado, 20 de fevereiro de 2021
SER
Destaco da vida
a sede
sou: derramar
o líquido
e
sobrestar
o dia
de amanhã
usufruo
do líquido: lavo
a terra
sou a terra
alegada.
(Pedro Du Bois, inédito)
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
HABITAR
Habito o extremo oposto ao gosto
reafirmo em palavras as sequências
retiro do verbo a ação: pacifico
os sentidos e ao mar lanço
resíduos materiais do sacrifício
sou novamente o dia
ensolarado e a praia
desertificada dos amores
barcos retornam de onde estou
vazio em peixes e tripulantes: habito
os fantasmas alimentados em águas
escorreitas em que mangues secam
seus crustáceos: nada faz o momento
no tormento de ser presente: o relógio
martela o fundo da existência
queria estar em outro lugar
mediano e em meridianos
encontrar os acertos
da viagem: paisagens
embaçam a vista.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
LUZES
Acendo a luz: ordinário cenário
decomposto no que reconheço: a incerteza
de estar em casa oferecida ao instante
despertado – minhas vozes silenciosas
falam de outras cenas: retorno ao escuro
e penso na necessidade de me manter
em silêncio – as vozes alteram
a sequência e o inaudito acontecimento
vaga o espaço: entre ele e o meu corpo
repousam histórias na oralidade.
Dispenso a coberta
acomodo o corpo: durmo
no silenciar das vozes
e a escuridão me contempla.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 14 de fevereiro de 2021
EXIGÊNCIA
Exijo o prêmio
e quebro o troféu:
sou na derrota
a vida percorrida
em ultrapassagens
na perdição de datas
futuras: fatura
entregue à previdência
que me falta
exijo o prêmio e quebro o troféu
consentido no velho descalabro
em mim percorrido.
(Pedro Du Bois, inédito)
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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
ABRIR A PORTA
Abro a porta: o tiro alcança o corpo
e a fuga se atém
ao gesto de desalento: você pergunta
o que faço. Escrevo: o vento
agita o papel em branco: abro
a porta e fito o desenlace: não sair
é o primeiro exemplo de coragem
: ir embora a covardia: largar o nada
pelas beiradas e o deixar em poucos
momentos: abro o instante e me instalo
atrás da porta aberta (ao poeta cabem
desvarios por onde transitam espaços)
procuro me defender da ofensa anterior
aceito o desafio e abro a porta
e o disparo me destaca.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
CONSEGUIR
Não consigo
vencer as virtudes e me jogar no erro
meus preceitos resistem às brigas
e as correntes se conservam em elos:
melhor sair de bicicleta
e pedalar
contra o trânsito
(outros bebem da garrafa
o gole e sopram suas fumaças)
com certeza a estrada aberta
na minha passagem seria
a primeira via.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021
MALDADE
O estereótipo
escraviza a ruindade
na escura água que contém
o germe em que se perde
– o naufrágio contamina
o espumado instante –
a maldade cristaliza os seres
em medidas usurpadas aos
desesperados: a imobilidade
falseia a eternidade
(ao longe corpos se movimentam
em sentidos aleatórios: a ruindade
escorre o visco)
o dia antecipado em difusa
luz sabe do cansaço.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 7 de fevereiro de 2021
sábado, 6 de fevereiro de 2021
LONGE E PERTO
Na ausência penso
estar em casa e lá estive
e estava com vocês
todas as noites
em que meu corpo
longe
libertava o sonho
de estarmos juntos
(voltei em sonhos descontinuados
fiquei em deslembranças na manhã
e me apresentei na imaterialidade
da próxima data)
ao regressar de corpo e alma
trouxe na mala as lágrimas
de ter estado longe
e tão perto de perder
a vida em pensamentos.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021
NINHOS
Constrói o ninho
aninha os filhos
- sustenta o vento
sobre o nada
civilizado –
sonha a refeição diária
entre galhos: vê o alimento
ser transportado
- sustenta o acaso
da conquista –
desconstrói a vida
em pequenos pedaços
(torna opaca a sensação
de saciedade ao ver
os filhos irem embora).
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
FIM DE CASO
Escuta o grito
da solidão
assiste ao instante
da partida
tem a retenção
do gesto
fecha a janela
interposto à porta
desfaz o carinho).
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021
sábado, 30 de janeiro de 2021
ALTO E BOM SOM
Em alto
e bom
som a propaganda
adverte sobre o consumo
desenfreado das mesmas
coisas: saber-se consumado
ao estado deletério da matéria.
Na adversidade
transitam séculos
de desimportâncias
ditas civilizatórias
a publicidade alerta dos perigosos
efeitos nas lateralidades e o repouso
das afetividades: em alto e bom som
o sono nos transforma em sonhos.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 28 de janeiro de 2021
O APELO
Apelo à música
indolente da juventude
pelo vazio preenchido
na formação do estame.
A música no desconforto
do crescimento: ouço
ao longe o corpo
dançar na formação
básica: girar no ar
e espalhar tentáculos.
Maneira de me livrar
do medo. A música
no contraponto
do desejo alentado
em notas de cantilena.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 26 de janeiro de 2021
COMPRAR
Penso comprar o bem
comum anunciado
no triunfo
em arco
das luzes
no estertor
dos acasos
penso bens materializados
minha imagem
na fotografia
trazida na carteira
o rufar dos tambores recolhidos
em bandas de segundas-feiras
e o andar apressado ao trabalho.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 24 de janeiro de 2021
ESPAÇOS MÍNIMOS
Nos espaços permitidos
instalo a minha vida
onde resisto
ao desterro
alterado
em águas
exilado em mim
penso o retorno
ser longínquo gesto
de saudade
o mínimo a que me permito
quando penso no retorno.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 22 de janeiro de 2021
BIFURCAÇÕES
Bifurcações
desembocam
na chegada:
de onde vier
e para aonde
for
o destino
imutável
unifica os caminhos:
reencontrados em bifurcações.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 20 de janeiro de 2021
CÁLCULO
Na exatidão do cálculo
a lógica racionaliza
o gesto em incompleto
raciocínio como resposta
sou a verdade e o mito
me protege: protesto
regras arrematadas
ao mundo de exceções
e mistérios: do que não conheço
me digo ágil em silêncio: sobre
o amanhã acompanho o hoje
e o traduzo em repetições.
O cálculo fragiliza a imagem
: sou no raciocínio o resultado
com que me aconteço.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 19 de janeiro de 2021
segunda-feira, 18 de janeiro de 2021
ESPÍRITO
Acreditar na insubsistência
do espírito: conhecer no afeto
o leve roçar do voo do inseto
inexistir e estar presente
na dimensão das tormentas
e na inconsistência da palavra
modificada pelo vento
em que o grito se dispersa.
Agir na imponência do silêncio
em destruídos caminhos: a solidão
reflete o ser não resistente
ao momento: o barulho acompanha
a vida em incertos gritos de presságio
em que o espírito – tênue revelação
do corpo – não resiste e se afasta.
(Pedro Du Bois, inédito)
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sábado, 16 de janeiro de 2021
PLANEJAR
Retiro da manhã a vontade
e me debruço no terraço.
Choro o dia
absorvido
em detalhes
ocupo a mesa
farta de utilidades
esparramo o corpo
em calçadas de desconhecimentos
retorno em finais de luzes
cansado de desencontros.
Choro o dia
requerido
em mortalhas.
A noite me encontra
desconhecido na cama
e o sonho decorre
em momentos.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 14 de janeiro de 2021
ÉPICO
e em passos largos me afasto: sou o novo
soldado e me guardo para a batalha.
Alvo e sentinela obscuro a vista em sentido
perfilado nas horas de espera: a história
contará o instante da bala atingindo o corpo
na incerteza da sobrevivência: soam medalhas
em iluminadas solenidades e a bravura
recebe a recompensa pela dispensa.
A vida descarrega a mala e o corpo.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
terça-feira, 12 de janeiro de 2021
SOMBRA
Pergunto a minha sombra:
de que corpo
está projetada
se aqui em sombras
não me projeto?
a sombra encara a questão
com a angústia característica
das escolhas e me responde
com sombrias palavras.
As sombras projetadas
são soturnas vozes.
(Pedro Du Bois, inédito)
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domingo, 10 de janeiro de 2021
VENCER
Vencer é alcançar a hora indisponível
no dever de casa e sentir o perfume
do corpo disponibilizado na certeza
inimaginável do instinto: excluir
a mancha inconstante do mal
no momento infante da vitória
em louros coroados: não
verbalizar o tempo estanque
da virtude e se materializar
na negativa aberta ao conforto
de se fazer presente: ausência
permanente no desdobrar
o pano sobre o corpo inerte.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 8 de janeiro de 2021
quarta-feira, 6 de janeiro de 2021
RESPOSTAS
segunda-feira, 4 de janeiro de 2021
DISCURSOS
Faço do discurso arma
de conquista: moucos ouvidos
escutam minhas palavras
e as deixam desdenhadas
sobre a pedra
(discursos pagos
na mesma moeda)
horas carcomidas em seres
imaginários e minutos
subtraídos aos desejos
discurso palavras oferecidas
como prêmio e no consolo
aos feridos digo do retorno
(discursos se apegam
em papéis de embrulho).
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 2 de janeiro de 2021
SOBRE TAMANHOS
Não ser maior do que a distância
entre pontos: ser menor
que a indiferença
em iguais costumes
na distração da luva
a mão se imiscui
em dedos anômalos
ser maior do que a distância
memorizada no instante
menor do aprendizado.
(Pedro Du Bois, inédito)
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