terça-feira, 14 de setembro de 2010

PRIMEIRO DIA

No pátio vislumbra a árvore carregada
em frutos, não espera a hora da colheita;
a mão em leque sobre o galho; tem na mão
a fruta ainda verde, o vento entre a ramagem
indica a fonte e o pássaro negro em plumagem,
indiferente à árvores e ao fruto olha o homem
que tem na mão a fruta; não ensaia o voo, conhece
seus limites e teme pela sorte; a mão carrega o fruto
despreparado para ser comido; a água não apressa
o futuro; mesmo limpo está impuro, a vida é assim,
seca em ressentimentos, úmida de carinhos, aguada.

(Pedro Du Bois, A DIFERENÇA ENTRE OS DIAS, 3)

7 comentários:

  1. Oi.O fruto está verde,mas deve estar gostoso.A vida é bela nada de aguada.


    Abraços,Lúcia

    14/09/010

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  2. Gosto de cena sobre cena, o poema é cinematográfico.

    Um abraço e sempre bom te ler.

    Carmen Silvia Presotto

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  3. Caríssimas Lúcia e Carmen: o fruto verde é ensaio sobre o qual - antes - nos satisfazemos. Grato pelas palavras. Abraços, Pedro.

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  4. Pedro!

    Um poema e tanto! Quando o pássaro teme pela sorte do seu pouso, ou voo, teme também pelo fruto.

    A vida reflete mesmo essa secura. Considero felizes, os que tem a umidade de um carinho.

    Um imenso abraço!

    Mirze

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  5. MIrze, mais uma vez, grato pela sua leitura. Abraços, Pedro.

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  6. querido amigo, saudades, que maravilha de poema, como sempre verdadeiras obras-primas, a vida sempre nos oferece o que há de melhor, somos nós que muitas vezes não sabemos aproveitar e deixamos passar despercebido, os bons momentos, os frutos carnudos, mas sempre há um para adoçar, bjs

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  7. Grato, Sueli, pelo retorno. Você tem razão, estamos perdendo muito do nosso tempo com coisas menores. Abraços.

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