sábado, 8 de novembro de 2014

PESTE

Do que tenho medo:
a peste assola os lados
e a entretela protege
o fio onde me escondo

vidros azuis: vitrais
e aparelhos condicionadores
de ares escusos sopram
contra o vidro da janela

através do vidro assisto ao riso
sobreposto: máscara de um e outro
caminhante em passos lentos de bravura
estivessem em antigos livros: o que temo

a raiva explícita no rosto fechado
com que me deparo nas esquinas
com estranhos de todos os dias

a peste alça as asas: garras de coragem
arranham braços: ninguém diz do destino
encontrado em ruas iluminadas.

(Pedro Du Bois, inédito)


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