sexta-feira, 11 de março de 2011

BUSCA

Deixa a criança na escola e segue
o caminho aprendido em épocas
de sustos e infâncias ultrapassadas
em surras de desconhecimentos
e altos planos iniciados
em quimeras
e sonhos solitários
de cavaleiros e princesas

o sinal fechado em frente, a sina
com que abafa o passado acintoso
em retornos desacompanhados
das circunstâncias. Ouve o sino
da igreja e concentra o olhar
ao nada. A buzina avisa
do verde abrindo passagens
rotineiras em dias cansados

o cumprimento em ligeiro aceno
inicia a jornada em olhares
de mera aceitação: conhecidas
filigranas onde mentiras soam
verdades despercebidas em prateleiras
acima da visão menor do diariamente

são generosas as formas de pagamento
em que juros não são cobrados justapostos
ao capital empregado: metades se conformam
aos interesses demonstrados em permissões
e devoções ao santificado ato dos calvários

retorna ao âmago e a questão inexiste
sobrescrita em envelope pardo: esconde
a que veio. O velho sentado à sua frente
pergunta sobre a possibilidade,
responde gestos de saudades

lembra o uivo dos animais selvagens
em filmes: o silvo dos motores
envenenados para a corrida
que não acontece

espaço intercalado em ruas e esquinas
desprovidas de calmas árvores
sobre canteiros intercalados: sons
da idade

...

recupera a noção do tempo onde
esteve ocupado em orações e frases
desprovidas de necessidade. O tempo
é rápido em desprover o passado.
Resultados precisam ser checados
antes da distribuição dos prêmios

volta em monossílabas palavras
descontadas ao ar em ressalvas
decoradas ao começo. Atrasa
a entrega. Atrasa a refrega.
Adianta o encontro: retorna
pela via onde a criança foi entregue
ao futuro apresentado na solução
do eterno sentir vontade de ficar

relembra o verso repetido em aulas
cautelosas de novidades. Seletas
palavras escolhidas para não saudar
o novo e reprovar o velho. Meras
colocações semânticas e solitárias

a criança aguarda sobre a calçada
enquanto seus colegas são apanhados
em beijos e abraços: sobram sorrisos
em seus rostos. Falta a imagem amiga
da chegada e a criança sabe
que não será buscada.

(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Volume X, Edição do Autor)

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