sábado, 5 de março de 2011

A AUSÊNCIA INCONSENTIDA

Trôpego caminho. Sentido contrário.
Pontos de contato na indicação imprecisa
da esperança no rumo certo.

Difícil caminhada na tempestade.
Impossível sonhar a normalidade.
Os horrores da perda compreendem
o carinho da mulher amada.

Ciente da última morada: a sensação
do nada avança e derruba
minha linha de defesa.

A defesa possível: tapas
e simulações. Não a enfrento.
Apenas a espreito. Evito o embate.

Levo-a ao lado de fora no impulso
do que me resta em vida: a alegria
por me ver livre (por enquanto).

(Pedro Du Bois, A AUSÊNCIA INCONSENTIDA, Edição do Autor)

2 comentários:

  1. Belíssimo poema, Pedro!
    Destaco os seguintes versos, doídos, intensos:

    "Os horrores da perda compreendem
    o carinho da mulher amada.


    Abraços

    Márcia

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  2. Grato, Márcia, pela sua constante leitura. Abraços, Pedro.

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