quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS

Suficientemente tolos para acordar em cada dia
e de imediato lembrar o anterior e sofrer o próximo

os dias se sucedem em lástimas e glórias
e lástimas vergastam e glórias são efêmeras
como o voo do pássaro menor e o bater das asas
do rouxinol que pensa e canta seu grito
de apresentação e lembranças

antecipamos lembranças de dias futuros
estivéssemos na antecâmara do mistério
e ele nos fosse revelado previsível
nos detalhes
nas nuances
nos pensamentos
ruins e bons do que esperamos
que aconteça
sem mudar o sentido
sem que o sentimento acabe
antes da aurora que ilumina os corpos acordando
encostados como em grossas escoras no sustento
do alento que se esfumaça ao primeiro vento
pela janela aberta ao canto do pássaro
e às asas do colibri no frenesi estático
ante a flor cobiçada em alimento.

(Pedro Du Bois, O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS, 37, Vol. II, Ed. do Autor)

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