Dias em que nuvens superam o horizonte
e voltamos para dentro, caramujos caseiros
desdenhamos luzes e nos recolhemos ao sal
que nos desmancha, enfeitiçados
no verde que da mata nos observa
em silencioso silvo da serpente
que nos acorda em lágrimas
silvestres de amostras
e telhados pontilham azuis
celestes do outro lado: gargalham
vozes inconsentidas no encontro
sutis de toques com que se fecham
as conchas: dias no infinito ardor
emparedado aos bilionários anos
de sagrações e esperas: antes
líquidos em demonstrações de afeto e graça
dias intercalados entre cercas recém fechadas
e o espaço vago das canções anteriores
nas vozes das sereias transformadas
em afeições profundas: frias águas cobrem
as esperas, raspam o fundo onde escrevem
algaravias descoloridas em passatempo;
residem tempos perdidos aos óbolos
não entregues, rugem tempestades,
feras incandescentes ao corpo na entrega
pegajosa das mentiras: ordens e desditas
as predições da cigana ecoam mares,
ressecam florestas
pelo caminho cartazes pedem o fim
das escaramuças: o caramujo indolente
ao tempo e ao sabor das coisas segue
riscando seu caminho fora da órbita
dos satélites, evoluem planetas vazios
de ocupações primárias, portas abertas
ao contato no atendimento aos seres
descobertos e mostrados; ao todo se permite
a entrega antes proibida: chegado tempo
das descobertas, portas fechadas não permitem
aos efêmeros e aos definitivos sairem
a vislumbrar a vista entrevista ao longe
longe refulgem raios de dias incontáveis
trajetórias de amanheceres e anoitecerem
corpos agasalhados em palavras ditas preces
em voz baixa que aos deuses cabe a atenção
perene das promessas e pedidos, cobram
desfeitas e dos bens apurados repartem
sonos em sonhos e vazios a que dão nome
de tempo desenfreado, desatinado
ao crime e ao castigo ofendido em atas
conseguem do mistério o entendimento
e fazem poses a perpetuar em fotografias,
estanques momentos desentranhados
em doença vislumbrada na febre
a turvar os olhos e a fazer o frio
do corpo onde aninhada a dor
se curva ao cansaço ciente
das histórias: o caramujo
avança sua casa entre pedras
e isolado concede ao espaço
a sua presença
sempre há quem se desentende e se desarvora
na passagem: o medo perdura enquanto noite
em nossas auroras, o menos aumenta sua urdidura
e acordamos em prantos por não sabermos a saída
e o engodo sobre nossa cabeça fornece o combustível
aos desenganos; nas mãos as respostas não vistas
nas translúcidas cerdas que ecoam o início
e nos trazem recordações vazias
dos olhares embaçados
entre o invernal dos outonos
tempos colocados sobre a mesa, disputadas rixas
e guerras vencem os espúrios cantos das sereias
serenadas em pedras sejam bruxas petrificadas
em fábulas desmoralizadas nos prazeres negados
à carne, o cerne ressurge encadeado ao gosto
no extremo gesto do perdão avolumado
à nossa porta: aberta, saímos ao vento
e perguntamos sobre a família, cores
e dores mínimas enquanto presos:
caramujos ressurgem em trajetórias
deslizantes sobre gosmas: caminhos
percorridos pela humanidade
não fossem secos passos e curtos
cumprimentos em que nos desconhecemos
dias despertados em músicas, a paisagem
retorna cores angustiadas dos dias, luzes
acesas em naturais ornamentos: paixões
buscadas em corações não abandonados:
certo e errado entrelaçados em faces
acobertadas na busca do etéreo e eterno
grito da saudade deixada sobre a mesa
para que ao sentarmos saibamos vê-la
dias em que os caramujos
lentamente avançam suas casas
e deles retiramos o engodo
e a gradativa forma da morada.
(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Vol. V, Ed. do Autor)
Anledningen
Há uma semana
Belo post amigo.
ResponderExcluirTem dias que tudo da certo..dias que tudo da errado...dias inesqueciveis,enfim :D
Bom,tem um selo pra você no meu blog e um novo poema.
Visita?
RIMAS DO PRETO
Abraços
tenho de ler com mais tempo. tenho de corrigir testesssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss. e não tenho vontade nenhumaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirencantada!
ResponderExcluircontinue sim com os e mails da postagens!
beijo!
espero visitas aqui ó:
carladiacov.blogspot.com
larcavodica.blogspot.com
odesimundasdoneochiqueiro.blogspot.com
carlacarlacarlac.multiply.com
Olá, gostei do seu estilo, da linguagem, do figurado e da coragem em usar todas as figuras da natureza, inclusive a serpente, para o entendimento do homem, com os desafios interiores e exteriores de se conhecer. Parabéns e grato por me seguir no blog.
ResponderExcluirAbraço.
Camilo