Absurdo tentar
tantas vezes
quantas
são
as oportunidades
alardeadas
em versos
propositais
em frases
desproporcionais
em silêncios.
O silêncio expande
o gesto: da janela
habito outra janela
de onde espio
a janela
contígua.
Contigo sei da ambição
covarde dos arremates
da vida encurralada
em ares de grandeza.
Tentativas revidam
o inoportuno sono
de estar cansado
ao relento.
O relento ambicionado
na tarde ensolarada
se desfaz em adjetivos
orgulhosos da cadeia
alimentar do pássaro
arrojado ao solo.
Descolo minha vingança
em beijos e abraços:
não sabem ao certo
da minha incerteza
e se dizem amigos.
Basto a mim mesmo:
organizo papéis
e sirvo alimentos
sobre a mesa
despojada de garfos
e facas. Traço as mãos
ao encontro do peito
penetrado em ordens
arrazoadas.
Como ingrediente súbito
da ambição absurda
da saudade.
Orei tristezas quando criança
retirei da carcaça
deixada às feras
a intervenção revolve
verbos: monstros odeiam ácidas
palavras. Sinônimos
e antônimos distraídos.
Ouço o absurdo da proposta
e me revelo no sentido
longitudinal do avesso.
Talvez a dúvida recomposta
em vértebras quebradas
na imobilidade do ataque.
Gosto de ouvir
a mulher amada: gritos
ironizam o espaço
despercebido em cela.
Gosto de me recostar
ao muro e receber
a frieza da pedra recoberta
em hera. Em eras anteriores
não me fiz apresentável
e fui despojado.
Ambiciono o dizer escasso
das entrelinhas. O estremecer
da floresta vislumbrada
na folha suave contra o solo.
Calo. O colo da mãe perde
a consequência e da criança
havida restam ralos cabelos.
Nada sobre a testa direciona
o canto. Nada sobre o conto
redireciona os olhos.
Durmo a absurda
razão de estar presente
ao desencontro.
O que me basta
por enquanto.
(Pedro Du Bois, inédito)
Anledningen
Há uma semana
Pedro, que belo grito poético. Li, reli e vou reler muitas vezes, pois em cada estrofe me encontro e talvez seja esse desencontro que me faz estar menos absurda e aqui presente em palavras.
ResponderExcluirParabéns!!!
Um beijo amigo e companheiro
Carmen Silvia Presotto
www.vidraguas.com.br
em absurdos assim, sentidos e ditos, se vê menos absurdo o contorno em contraluz que separa e une o havido e o querido, nenhum bastar bastando ao absurdo bastante da lucidez diluída em verso, para não doer tanto...
ResponderExcluir;_)))
Basta nada...
ResponderExcluirAi Pedro, poderia ter continuado...
Lindo,
lindo,
lindo,
emocionante
útil,
providencial,
alerta,
necessário,
lindo,
etc .
Uff!
Um beijo, poeta Pedro, e muitos aplausos!!!
Outro beijo para as mães da sua família.
Belo e poderoso: eu n esperaria menos da catarse de um poeta consumado. Parabéns, Pedro.
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