sábado, 20 de fevereiro de 2010

HÓSPEDES

Sou hóspede da inutilidade: perco
a paciência em obviedades,
concentrado em responder aos anseios
interiores; rasgar paredes com palavras
alarmadas em milagres, refazer
a noite divulgada ao acaso: junto
o teor do expediente e o declino
em versos; o inverso da jornada
esquece a escala crescente
das necessidades:

hospedo a maldade
há tempos ultrapassada.

Sobram cicatrizes em calosidades:
esquecer ainda é o maior mistério.

(Pedro Du Bois, QUINTA POÉTICA, Casa das Rosas, 26.11.09)

7 comentários:

  1. Seus versos são sempre bem vindos e hospedados pelo coração.
    Um abraço e ótimo fim de semana!

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  2. Quis muito ir nessa “Quinta poética”, mas não foi possível...
    Vejo que perdi boas coisas, rs...
    Abço.

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  3. Oi, Pedro. Seu poema Classificar me pegou pelo pescoço hoje. Era exatamente o que eu queria dizer. Ele tá lá pentrália.

    Muitíssimo obrigado. Estou comovido. Vc é brilhante!!!!

    Abs do Lúcio Jr.

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  4. "Rasgar paredes com palavras
    alarmadas em milagres".
    Frase fantástica! Tantas vezes pensamos que nossas simples palavras podem ter este dom: de transpor muros, de derreter gelos, de fazer milagres... E quantas vezes não é verdade?

    Grande abraço

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  5. Esquecer [por vezes] seria benção... a impaciência com obviedades é marca de quem quer perder seu tempo sozinho, mas se ira se outrem o queira fazer [com o tempo nosso]... belíssimo texto... algo sinestésico e quase táctil...

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