domingo, 24 de maio de 2009

A CASA EM PROCURAS

Fomos os filhos
não pródigos
nem sectários

duráveis e compreensivos
não como filhos
mas como pais que fomos

nossas casas permanecem
aonde vamos
nossas casas nos acompanham
onde ficamos

somos filhos
inocentados dos crimes
originalmente cometidos

não carregamos pecados
nem escutamos sermões

permanecemos no cadafalso:
curvadas, nossas costas nos acompanham
no martírio da passagem.

(Pedro Du Bois, em A CASA EM PROCURAS)

2 comentários:

  1. Belo poema, Pedro, parabéns! Tem afinidade com outro do Tolentino, com o qual abro minha última crônica postada:
    Carregamos conosco, cada qual a seu modo
    uma paisagem harmonizada, uma cidade
    que existe e não existe, como a realidade...
    Beijo

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  2. Coinstruímos nossas casas para dar alguma permanência, algum sentido. E percebemos que a passagem é o único martírio exclusivo e particular a cada um. Bela feição tem essa sua poesia. Abraços.

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