terça-feira, 29 de setembro de 2020

SÓCIOS

 








Associado ao doge de veneza

me faço estampa e quesito aberto

em contendas: respondo sobre a água

e o limo invade a casa: retiro da questão

                a lógica e alço a torre ao limbo

                inalcançável da maré entrante:

                  tenho nas mãos as respostas

                e a corda cede no que o corpo

                  ascende ao extrato do ultraje.

 

Sou sócio oculto pela veneziana

entreaberta ao odor lamacento:

minha parte se resume a ouvir

os remos na água e o rumo

sob a água: águas paradas.

 

Na escadaria da casa alagada

ressurgem ratos dados como mortos

e aranhas ditas desaparecidas: o afresco

das paredes cede à umidade e descasca.

 

Debaixo do desenho pueril da oferta

surge indelével a parede nua.


(Pedro Du Bois, inédito)

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