domingo, 3 de novembro de 2019

NOITE



Na noite repleta de escuros cantos
a luz espanta os corpos que se encontram
em conversas antigas de muitos anos

lances sorrateiros e o apito do guarda
que o medo retira a vontade
de serem encontrados
no irrealizado verão
de luzes e noites quentes

fossem escuros cantos
onde continuassem anônimos
e o vento levasse os papéis

não seria a noite o receptáculo
de legumes e verduras chegados
à mesa de quem dorme

não se fazem negócios enquanto a noite
esconde os clarões humanos: agenciada
em vidas e mortes descoloridas.

(Pedro Du Bois, inédito)

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