por W. J. Solha
Sobre A
REVELAÇÃO COMO MÁSCARA, do novo livro de Pedro Du Bois, O VENDEDOR DE CADEIRAS,
publicado pelo Projeto Passo Fundo.
A ilustração é um quadro meu, de que me lembrei ao ler isto, nessa parte da obra:
-
Gosto de usar na máscara o irrefletido:
a opacidade anteposta ao papel
desenhado no esboço e o gesso
na morbidez do rosto
condenado à decomposição.
-
OK.
Há anos acompanho a produção de Du Bois. E esta me parece banquete pra psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e assemelhados, e pra críticos literários de melhor estirpe. Uma de minhas resenhas sobre obras anteriores do poeta gaúcho, teve – a propósito - o nome de ENIGMA DU BOIS, aqui bem mais denso, até, do que o ENTRE MOSCAS, do Everardo Norões, por que, na maioria das vezes, venceu-me. Como se fossem partes de um nouveau roman – que tinha foco nos objetos, não nos personagens – os três primeiros títulos desta edição constam como “O Vendedor de CADEIRAS”, “A Revelação como MÁSCARA”, “TUBO DENTIFRÍCIO”.
Veja que sacada:
-
Ao velarem os mortos
colocam cadeiras
junto ao caixão:
-
Corpos assentados
inclinam as mãos
sobre as bordas
os olhos choram o corpo
deitado
-
Nas outras partes do livro, tem-se achados como este:
-
TUBO DENTIFRÍCIO
-
Aprendo a escovar os dentes
antes que o almoço
me devore.
-
Mais em frente:
LEVIANA HISTÓRIA DE UM SE NHOR URBANO
-
Sonha em se tornar artista
sobre o fogo: retirar do coelho a ironia
da cartola.
-
deitado
-
Nas outras partes do livro, tem-se achados como este:
-
TUBO DENTIFRÍCIO
-
Aprendo a escovar os dentes
antes que o almoço
me devore.
-
Mais em frente:
LEVIANA HISTÓRIA DE UM SE NHOR URBANO
-
Sonha em se tornar artista
sobre o fogo: retirar do coelho a ironia
da cartola.
-
E,
como se – malevolamente – gozasse com meu novo livro – VIDA ABERTA
(Tratado
Poético-Filosófico ):
-
Entediado. O filósofo repete
em novas palavras a sua velhice.
-
E:
-
Simplifica em termos
eternizados o que não foi
dito.
-
OK.
Mas o centro do volume, parece-me, é a REVELAÇÃO COMO MÁSCARA, em que a gente pensa logo na fábula de Esopo, “A Raposa e a Máscara Trágica”, em que a zorra dá com esse assessório do teatro grego, deslumbra-se com sua beleza, mas se decepciona com o vazio atrás dela. Em seguida vamos direto à Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, ao Arquétipo Persona, onde se observa o sujeito com a possibilidade ou necessidade de criar personagens ( persona: máscara, em latim ) que podem não ter nada com ele mesmo: o papel público que o ser humano se sente forçado a apresentar.
Du Bois não é um poeta exatamente feliz com a condição humana, com as tais máscaras ou não:
-
Nem o vazio
Se revela. Nem a revelação se esvazia.
-
Ou:
-
Escondo a máscara sob outra máscara
-
E isto que se segue vai pra uma tácita angústia kafkiana , como em O PROCESSO:
-
Sobre a minha vida despejam culpas assumidas
em lágrimas de arrependimento. Não me dizem
o crime cometido.
-
OK, de novo. Porque triste, mesmo, são estes versos de SILENCIAR:
-
Entediado. O filósofo repete
em novas palavras a sua velhice.
-
E:
-
Simplifica em termos
eternizados o que não foi
dito.
-
OK.
Mas o centro do volume, parece-me, é a REVELAÇÃO COMO MÁSCARA, em que a gente pensa logo na fábula de Esopo, “A Raposa e a Máscara Trágica”, em que a zorra dá com esse assessório do teatro grego, deslumbra-se com sua beleza, mas se decepciona com o vazio atrás dela. Em seguida vamos direto à Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, ao Arquétipo Persona, onde se observa o sujeito com a possibilidade ou necessidade de criar personagens ( persona: máscara, em latim ) que podem não ter nada com ele mesmo: o papel público que o ser humano se sente forçado a apresentar.
Du Bois não é um poeta exatamente feliz com a condição humana, com as tais máscaras ou não:
-
Nem o vazio
Se revela. Nem a revelação se esvazia.
-
Ou:
-
Escondo a máscara sob outra máscara
-
E isto que se segue vai pra uma tácita angústia kafkiana , como em O PROCESSO:
-
Sobre a minha vida despejam culpas assumidas
em lágrimas de arrependimento. Não me dizem
o crime cometido.
-
OK, de novo. Porque triste, mesmo, são estes versos de SILENCIAR:
Dias
(são assim)
calados em tardios
anoiteceres.
-
Como eu disse, não se trata de prato cheio, mas de banquete para os estudiosos da mente humana, inclusive críticos literários do porte de um Hildeberto Barbosa Filho.
Fica a indicação.
calados em tardios
anoiteceres.
-
Como eu disse, não se trata de prato cheio, mas de banquete para os estudiosos da mente humana, inclusive críticos literários do porte de um Hildeberto Barbosa Filho.
Fica a indicação.
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