Posso dizer ao menino não
cresça e permaneça estático
que as horas vindouras são más em
destruições e mortes:
o menino responderia que a
morte o alcançará criatura
em brincadeiras e aprendizados:
posso dizer ao menino ser
indesejável o modo como se
tornará utilitário: o menino
responderia aceitar o risco se souber das
finalidades: posso
dizer ao menino ser a finalidade o oposto da liberdade
e respostas simétricas sobre
a mesa absorvidas
em fomes aborrecidas e em sedes não saciadas: o menino
responderia serem as formas avessas do destino brincadeiras
em cada manhã não assoberbada
de afazeres: digo
ao menino não fugir da altura imposta
ao salto
e permanecer sobre as pedras onde
o concreto
substitui o sonho e ao sono não
é permitido acordar
risonho: asseveraria o menino sobre
misérias e mistérios
no desconhecido traçado dos
anos passados em progressos:
ao menino conto verdades aleatórias e
mentiras
mensuradas em trajetos: o menino não saberia me dizer
da infância incorrigível em
papéis de balas e da parafernália
do seu mundo obtuso reformulado
em lógicas matemáticas:
o menino não aceitaria a minha
palavra de fiança
e garantia e quereria a vida como
prova da vivacidade
a demonstrar em gestos a
vaidade do pássaro em vôo
além da irresponsabilidade da
formiga em marcha: sobre
a morte diria o menino ardem segredos
sem norte
e hodiernos transportes iludem as paisagens
e o desdobrar do barco na
água repete
a passagem: ao menino não caberia
a responsabilidade pelo
crescimento em sobriedade
que à seriedade se transfiguram
monstros
nas cavernas da memória: sobre
afeições
diria o menino repousam ácidas questões
irrespondíveis e das raridades são ouvidos
rasgos de coragem:
a coragem grito eu ao menino
requer discursos e estratégias que ao medo sobram
táticas
e explicações: sim balbuciaria o
menino cansado do trajeto
na curta instância entre medos impostos em cada reprimenda
na equiparação das partes e pequeno e menino se
declararia
em paz com as oferendas: nas
oferendas
vejo o menino traduzido em
luzes inescapáveis
no distanciamento: aos dias faltam espaços preenchidos
com bondades e aos adultos restam
noites vazias
de utilidades: somos úteis e aos
meninos
se oferecem liberdades completadas
no fechamento
anterior do espaço: todo
percurso é o soçobrar
do barco: das águas finalizaria
o menino surgem desconfortos
em cansaços e a insegura
sensação da imobilidade: o flutuar
do menino adormecido é o
maior pecado.
(Pedro Du Bois, A NECESSÁRIA PARTIDA, volume II, edição do autor)
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