terça-feira, 31 de março de 2015

DIZER

               Esqueço as desconfianças pelo tempo irrecusável
do saber das coisas: começo

                                 acorrento o saber
                                 descoberto na torpeza
                                 de alongadas mentiras

recupero a crença e me ofereço ao deus
primeiro das descrenças: início

                                  retiro a mão ofertada
                                  no alento
                                  retornado ao corpo
                                                 

          estremeço o chão pisoteado em raivas
          consentâneas de esquecimentos

                                  apuro o ouvido 
                                  ao último canto: lamento.

(Pedro Du Bois, inédito)

3 comentários:

  1. Pedro, boa tarde, achei interessante seu poema, parei pra meditar nele por toda manhã de hoje. De repente fui tomada por um sentimento de pavor. e me perguntei, porque será e de onde vem as alongadas mentiras, o que é na verdade a realidade? e porque o lamento.
    Questões profundas entre ser usado e usar.
    A força das palavras as duvidas poéticas costumam destruir o poeta, consumido por suas próprias indagações, o só imaginar é estarrecedor.
    Perdoe as muitas palavras...

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  2. Cara Silviah, não obstante a carga emotiva em cada texto, o poeta vive o dia a dia, sem se deixar levar pelo peso das palavras eou construções literárias. Assim, a poesia. Grato pela sua sempre leitura. Abraços.

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  3. Você tem razão.
    Acho que minha vida literária está me consumindo muito, devo sair um pouco de dentro de mim mesma, procurar meu equilíbrio, minha paz.
    Obrigada pelas palavras.

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