sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

MISTÉRIO

Sobre o mistério de eu ter vindo
no longo serpentear do caminho
ignaro e ignoto homem
                         eu sozinho
refeito em paisagens borradas
pelos olhos anteriores
                         eu distraído
esquecido de ser paragem
no horizonte

            nas tênues - poucas -
luzes
     eu trazido
em oferenda e oferta de carinhos
ensimesmado nos castigos
                              eu parido
em primavera longínqua e esquecida
de uma casa sob a rua
                               eu surgido
no minuto terço
                      eu nascido

não explicam as razões
                                  eu estando
nem dizem que o amor esconde
 o canto
em cantigas antigas
                            eu espanto
                     esperta criança
                                          eu corrido
que aguarda nas noites
                                 eu sofrido
a explicação do mistério e a finalidade
de ter vindo
  e ter estado
                 eu aqui.

(Pedro Du Bois, inédito)

2 comentários:

  1. Todos os caminhos são mistérios por desvendar
    Enquanto o verso se escreve ensaiando A explicação

    Sempre um prazer te ler

    Abraço

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  2. Gratíssimo, Filipe, por mais esta visita. Abraços, Pedro.

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