segunda-feira, 23 de agosto de 2010

SAGA

...
as horas piores são as primeiras
onde os olhos alcançam o passado

depois cessam os sinos: encerram
os dias das mesmas formas
entre pássaros nervosos e a escuridão
que chega e acolhe

o estrondo nos acorda: assustados
alvos dos piratas na batalha descortinada
em luzes que nos alcança e derruba
e nos desfalece

minutos finais se prolongam
em passagens
ao contrário das boas horas
que não se repetem
em átimos de lembranças

da morte não há quem conte
os passos rápidos e as progressões ligeiras

quando saímos levamos impressões
da vida inacabada envolta em panos sujos:
únicos encontrados

a volta na repetição das lágrimas
em olhos cansados de desgraças
cercam as esperanças: animais
famintos em suas próprias presas

a acomodação aos fatos desalenta
espíritos jovens e desfalece
velhos desamparados.

(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Volume VI, Saga, fragmento)

2 comentários:

  1. ¨SAGA¨.

    aqui esta um poema impar, de inigualável beleza.
    duro, contundente, porem belo !

    pedro du bois!
    bendita seja a sua inspiração!

    um grande abraço!

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  2. Grato Moisés, pelo seu retorno. Nem sempre as palavras descrevem - ou tentam - boas novas. Abraços, Pedro.

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