...
o irmão que me acolhe
sabe das bolhas em meus pés
e dos cabelos ralos
mal enxergo o futuro
em privações passadas
malgrado estar de volta
me revolto por ter voltado
meu gesto
de desespero
e raiva
sou sujeira retornada
do passado esquecido
reaquecido
em frágil pessoa
assomando a porta
esqueço o tormento
no único instante
em que enxergam meu corpo
outro é o corpo na entrada
de quem foi embora
em tempos piores
a serpente sibila segredos
e a pedra amassa a sua cabeça
não mentira minhas verdades
na pele retirada em oferenda
quero o regresso
o retorno ao tempo passado
o espaço e o tempo recuperados
no soluço reconheço a perda
(todas as perdas são detalhadas)
e como peregrino me liberto
em choro e provações diversas
nenhum paraíso permite o reencontro
entre os que partiram na bruma
e na chuva retornam
a lama dificulta o caminho
mascara os pés
indefinidamente
sou o estranho que retorna
ante os olhos atônitos
dos que ficaram.
(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Vol. VIII)
Anledningen
Há uma semana
Pedro!
ResponderExcluirSomos estranhos, mesmo à nós que nos sabemos.
Belo poema!
Abraços!
Mirze