terça-feira, 1 de junho de 2010

RELAÇÕES

Busca na relação o sentido da permanência
no primeiro beijo e no olhar com que a sequência
se faz maior que a realidade fantasiosa do encontro

a relação inicial concretizada em palavras
de apresentação e desvelo com que lhe abre
a porta e lhe puxa a cadeira e lhe serve o copo
e da relação entre o por do sol e o sal no prato
adocicando a passagem e a paisagem posta
ao lado cúmplice e sócia das mãos e dos braços

relação em anseios e os seios em suas mãos
cálices e glorificados troféus conquistados

o rubor das faces e o rubro vinho derramado
sobre a toalha: olhos nos olhos não contemplam
o ocorrido em vãs tentativas e o sangue seca
entre dedos entrelaçados na relação

o relacionamento espera e a esfera roda
como moedas esperando a hora
dos pagamentos pelo corpo
em flores e cartões de palavras bonitas

na reflexão do começo as mãos tremem
o ato em pétalas frágeis e singelas secando
atenções despretensiosas dos pecados avistados

repete o gesto de arrumar os cabelos sobre os olhos
e em retorno o leve toque dos corpos desfaz
pensamentos interiores e sua dedicação incita
a progressão das mãos e o hálito perfumado beija
e avança sua boca em fornalha e o fogo consome
o instante em pensamentos ignorados

a relação principia e permanece em orações diárias
no rosto que lhe concede o descanso em que dorme
balbucia seu nome e tem a resposta: sabe o nome
e tem a sensação de que tudo termina naquele ato

grita sua relação públicamente divulgada aos ventos
em defesa e seu escudo rompido no aceno displicente
com que o vulto se afasta olhando para o outro lado

rememora o tempo o sentimento o encontro
e o toque suave onde encontra o mundo desfeito em sombras
do relacionamento desamparado no que não tem finalidade.

(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Vol. V)

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