Construo minha casa com a argamassa
dos dias cinzentos e coloridos. Inicio
pelo detalhe de viver e ter a certeza
da necessidade da construção.
Cerco o terreno em flores e crio
frutos proibidos: minha alimentação
enquanto a obra avança ao teto.
Obro portas e janelas oxigenadas
ao interior dos ranços trazidos.
Refaço os móveis na quantidade
dos dias em que morarei na casa
acerto na maciez do assento a saliência
do colchão e na tepidez da pedra o correr
da água na escuridão do quarto.
Completo a mudança
e me retiro: toda casa prende
os corpos em martírio.
(Pedro Du Bois, inédito)
https://pedrodubois.blogspot.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário