Fazer poético o lobo marinho chegado à praia
por haver perdido a corrente marítima
que o prendia à vida de lobo marinho
dizer poético o voo rasante do pássaro na água
em busca dos peixes que o alimentarão
falar da poesia dos automóveis que congestionam
os caminhos com pessoas em seus afazeres
colocar poesia na bruma que esconde os morros
onde aviões batem matando seus tripulantes
sonhar poesia nas mãos sôfregas que no escuro
procuram outras mãos ávidas de contato físico
mentir poesia nas letras das canções infantis
com que criamos os filhos para terem medo
escrever poemas com palavras de sentimentos
inglórios à divindade à pátria e a imprópria morte.
dizer-se poeta entre quatro paredes de pinturas
escuras e querer que a luz solar transforme
nosso mundo rapidamente em magia.
(Pedro Du Bois, inédito)
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