sábado, 21 de janeiro de 2017

MUSA

Da musa retiro o enfeite

            nua
            circula
            em jardins suspensos

na imagem
a memória gesta
a fala onde se insere

a musa recompõe o mistério
entrevisto
              antevisto nas sombras
              do vulto em retirada

infeliz o velho expira o corpo
descoberto: o cego se penitencia
da visão esquecida em luzes
              do que se lembra

a musa se dispõe ao rito: aguarda
em cada linha a roupa costurada
em textos infindáveis da nudez
em detalhes na entrega absorvida
                                 pela cidade.

(Pedro Du Bois, inédito)

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