sexta-feira, 4 de maio de 2012

SOLIDÃO

A solidão exemplifica
o crime: a desigualdade
invade a calçada e me atropela:
ouço o tropel do cavalo
não alado - marmóreo -
em estátua produzido;
no alcance da poeira
o riso se faz esgar
e o cavaleiro - rosetas em pés -
me achincalha. A minha solidão
se solidifica e do extremo gesto
recomeço na busca do instante:
conto dias de regressos e a luz
da pergunta repete o crime:
desço do cavalo em grilhões
e o buçal rasga sua boca
de enfurecida fera: espero
a esfera girar sobre o todo
e o crime se consuma em guerras
alteradas em notícias de jornais.

(Pedro Du Bois, inédito)

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