sexta-feira, 6 de abril de 2012

NASCIDO

Nasço desterrado.
Nenhuma janela
se abre ao interior
              do quarto.

Sou do ventre o livre despertar
do corpo: a água quente
me lava em espinhos.

Sou ilha isolada no mundo
dos subterfúgios. No olho
do pai o brilho avermelhado
do outro mundo. Em minha
mãe antevejo a razão do medo.

A guerra terminada me impele
ao continente. Nu o corpo apreende
o raiar do dia.           A pedra sorve
    a quentura escondida em roupas.

(Pedro Du Bois, inédito)

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