segunda-feira, 12 de março de 2012

PAGAMENTO

Ao interlocutor digo sobre a ausência
das sementes lançadas pelo caminho,
do rastro deixado em terra fina,
na grana verde pisoteada: sobre meus
sentidos ignoro o rumo, do traço
apago a passagem. Da espera me digo
anômalo peregrino e do amor
- no plural - acho meu canto: minha vida
consentida é esboço do mundo amarelado,
velho para aventuras, fundeado ao largo,
submerso em pontes, decodificado além
das paixões em ruínas havidas da casa
adquirida em anos perdidos da família
na comiseração do corpo. Como cidadão
trago o mudo grito de satisfação e honra.
Da guerra a medalha circunscrita ao peito.
Sou ninguém e aos ouvintes - poucos -
declamo a vida em versos. O restante
pago pelo prato de comida.

(Pedro Du Bois, inédito)

3 comentários:

  1. E declamar a vida em versos, é um valor que me alimenta, gracias Pedro.

    Um beijo em ti e Tânia e boa semana.

    Carmen.

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  2. Cara Carmen, é sempre bom ter a sua companhia. Abraços, Pedro.

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  3. Precioso poema...mis felicitaciones.
    Saludos.

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