segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

(DO QUE SEI)

...
a ironia com que sobrevive o campo
em desprezados verdes e pássaros
pousados em galhos destruídos
como utensílio de cozinhas primitivas
onde fogos consomem paixões
apresentadas como novidades

repouso os olhos por instantes
e me sinto confortado em saber
que a imperfeição vigora sobre o fechado
hábito de me pensar diverso dos modelos

dias passam rápidos entre entusiasmos
de aprendizados e desconhecimentos
acobertados em belas palavras
de significados amorfos e confortáveis
temas não considerados ao lado órfão
e abaixo do instante em que a cena
termina em aplausos

flores condensadas entre secas folhas
de confissões ingênuas e largas escalas
não musicais de destroçada juventude:
revisito as palavras
e retiro o engodo
viscoso sobre a pele

calores e frios alternam temporadas
de caça e desafios em armas brandas
onde estou à espera da partida
animada em beijos e abraços

tempo em que a memória foge
ao descontrole e animais domesticados
ouriçam peles e se escondem sob as mesas
no estrondo longínquo e belo da tempestade
eletrificada na passagem: lembro os segundos
desconsiderados em relação aos recordes
...

(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Vol. II, fragmento; Edição do Autor)

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