quarta-feira, 29 de agosto de 2012

DESCOSTURADO

Descosturado: a sina do espantalho.
Riso de pássaros descompromissados
com as regras estabelecidas aos anteriores.
Imóvel, repete na imobilidade os gestos
conhecidos onde a vida atravessa
as razões dos sentidos obrigatórios.
Refém, na roupa e no chapéu repete
a cena do que tarda a se locomover.
Espetado, sofre as consquências de estar
presente e se ausentar ao todo
fragmentado do que está à frente.
Sente no murmúrio o indizível do esvoaçar
do pássaro e se surpreende em descosturas
refeitas aos ventos: o temporal assusta
os pássaros e dá movimentos desordenados
ao espantalho sorridente.

(Pedro Du Bois, inédito)

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