Na condição exemplar de quem luta
pela liberdade pátria e ensanguenta
a roupa rasgada na fuga pela mata
concretada das emboscadas
ao longo das cidades
rebelde cantador de músicas ligeiras
altera o ânimo dos descrentes
e ouve a palavra de ordem
jovem envelhecido no combate
das pedras e das perdas
acumuladas na sorte
grande de loterias espúrias
quem avança pelo flanco
e de ambos os lados
recebe os tiros
desferidos em defesa
do que chamam de honra
de família e de liberdade
sobre a vida interrompida
na manhã não esclarecida
de armas sobre as mãos
e de mãos para cima
na desonra de ficar em casa
e fazer da trincheira
mero apetrecho de inverdades
luta pelo dinheiro adquirido
na transação das espertezas
e se diz presente
em cada dia de trabalho
no direito inalienável de ser traído
atraído pelo lusco-fusco das histórias
mal contadas em mesas e escrivaninhas
de poderes desacompanhados de copos
vazios do líquido sôfrego em gargantas
secas de acompanhamentos
avança em vida e se diz rendido
aos prazeres da mecânica
monetarista em discursos ocos
de semânticas arremessadas
ao corpo jovem que se distrai
ao alcance da mão tem a verdade
e a joga fora na saciedade infinda
dos contratos firmados em letras
garrafais de onde ressurgem dias
anteriores de graça e beleza
e os estertores dos canhões
não mais direcionados
sobe ao limbo e retira a folha
impressa colada ao poste
na desfeita imagem
esterilizada do cometa
decadente da vitória
é sobrevivente
e recebe a desgraça
da vida alcançada
nas palavra tosca das sirenes
disparadas em alarmes
de quem luta
em vão e perde a batalha
acende a luz e se revê no espelho
como visto através do vidro
que separa sua vida
do mistério inexistente
em olhos silentes
dos perigos e das maravilhas
das horas travadas
tenta dormir em cada noite
e no escuro do quarto escuta
vozes desconhecidas
em batidas laterais
no corpo que se debate
enquanto dependurado
(ofuscado domínio perde
conjecturas e se espalha
sobre o nada restante
das evidências)
altera palavras em interrogatórios
e desdiz o dito em que acrescenta fatos
fortuitos e da desdita sabe a ocorrência
porque alguns se intrometem
e recebem elogios indevidos
percebe a tática usual
das carabinas em avanço célere
sobre corpos desacompanhados
na escuridão do tempo
onde enterrados os mitos
não é você quem se arvora
em companheiro e desarruma a cama
desfeita em abraços fosse o lado
avesso das conquistas
e pernoitasse
em derrotas sucessivas
aumenta a dor e nada conta
aos ouvintes desatentos
das conversas bêbadas
nos bares da vida
escritórios reluzentes conduzem
pessoas avizinhadas ao sucesso
inconsumido por onde transitam
e espreitam novos senhores
despercebidos nas batalhas
outros tempos de encobertas
verdades assoberbadas de tarefas
burocráticas fazem da história
mera cortina entrecerrada
em pontos finais
remanescente dos tempos
não lembrados tem a memória
e a dor de a ter conduzido
em cada passo marcado
em ferros atravessados
sobre as mãos
do lado de fora não se volta
ao sucesso: lembranças
da companhia incruenta e cruel
nas desavenças não permitidas
em tempos presentes.
(Pedro Du Bois, inédito)
Anledningen
Há uma semana
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