PEDRO DU BOIS
Balneário de Camboriú-SC
Balneário de Camboriú-SC
Nota do Editor:
A franqueza da escrita faz de Pedro Du Bois um poeta exuberante, desde quando li esses três trabalhos em "Arcanos Grávidos:Poemas", site interessante de Webston Moura, algo me chamou a atenção: a intimidade quase orgânica de Du Bois.
Algo que pouco leio nas entrelinhas de centenas de poesias que recebo no e-mail da APB: academiapoeticabr@gmail.com.
Eu sempre intitulo esse tipo de poesia ( e esse termo não é meu) de poesia interior com abundância de sentimentos íntimos, sem perder aquele viés característicos dos bons poetas: A terceirização da dor, do amor, da tragédia, do She e do We, levando um leitor ávido como eu a repensar: Os personagens de Pedro Du Bois estão amando ou simplesmente estão apaixonados? Aí vem a questão que dos seus versos emerge:
Poderiam esses versos com um manto quase mítico, ser uma tentativa de resgatar o 'amor romântico', relembrando o fatídico (ou quase) “Tristão e Isolda”? E se fosse? Óbvio que para um homem estudioso (ou seus personagens) e leitor assíduo pode ter sofrido influencia desse "fenômeno psicológico tão arrasador que esmagou nossa psique coletiva a ponto de alterar nossa visão do mundo?" (Da apresentação do livro WE).
Bom, na verdade esses versos ultrapassam a linha do comum:
Algo que pouco leio nas entrelinhas de centenas de poesias que recebo no e-mail da APB: academiapoeticabr@gmail.com.
Eu sempre intitulo esse tipo de poesia ( e esse termo não é meu) de poesia interior com abundância de sentimentos íntimos, sem perder aquele viés característicos dos bons poetas: A terceirização da dor, do amor, da tragédia, do She e do We, levando um leitor ávido como eu a repensar: Os personagens de Pedro Du Bois estão amando ou simplesmente estão apaixonados? Aí vem a questão que dos seus versos emerge:
Poderiam esses versos com um manto quase mítico, ser uma tentativa de resgatar o 'amor romântico', relembrando o fatídico (ou quase) “Tristão e Isolda”? E se fosse? Óbvio que para um homem estudioso (ou seus personagens) e leitor assíduo pode ter sofrido influencia desse "fenômeno psicológico tão arrasador que esmagou nossa psique coletiva a ponto de alterar nossa visão do mundo?" (Da apresentação do livro WE).
Bom, na verdade esses versos ultrapassam a linha do comum:
"(...) Alugo o corpo ao personagem
e sou incorporado ao discurso plástico
da inverdade. Sou deus e demônio
personificados nas contradições. Besta
e pomba. Homem despossuído
de razões. A aparente calmaria antecede
a tormenta e a neve desce a montanha.
(...)".
e sou incorporado ao discurso plástico
da inverdade. Sou deus e demônio
personificados nas contradições. Besta
e pomba. Homem despossuído
de razões. A aparente calmaria antecede
a tormenta e a neve desce a montanha.
(...)".
Eis uma imagem contundente. A da dualidade muito bem questionada nestes versos primeiros. Porém, é explícita a terceirização dessa dualidade - Deus e o Demônio - não o autor, mas a situação em que é envolvido. Eis a diferença tênue nesses versos. Extraordinária diferença. Isso me enviou imediatamente a um livro que li há algum tempo do mestre Osho. Chama-se "A Ascensão do Ser Humano". Essa lembrança me trouxe a essa interpretação de Pedro Du Bois, no início de seus versos: " (...) O mal existe na sua interpretação,/ E não em si mesmo (...)". Eis a delicadeza da terceirização poética do autor ao compor esses versos acima. Perfeitamente entendido em "... alugo o corpo ao personagem/ e sou incorporado ao discurso plástico/ da inverdade (...)". É sem dúvida um grande poeta quem consegue traduzir em tão poucas linhas uma terceirização completa de autor/personagem.
Na parte dois que também compõe esta análise, vejo a tática poética de Pedro Du Bois intercalar-se com um enredo cênico com personagem e autor bem definidos. Desta vez, numa terceirização decodificada.
Ah! Podem até me chamar de louco. Mas nos versos desse tomo II (digo assim), há claras evidências de que o autor passeia de forma limpa e destemida por Jacob Levy Moreno (1889-1974), o criador da concepção de que podemos definir a alma humana através da ação. E a essa ação deu o nome de Psicodrama, isto é, na minha concepção pertinente aos versos lidos, uma maneira de investigar a alma humana pela ação.
Na parte dois que também compõe esta análise, vejo a tática poética de Pedro Du Bois intercalar-se com um enredo cênico com personagem e autor bem definidos. Desta vez, numa terceirização decodificada.
Ah! Podem até me chamar de louco. Mas nos versos desse tomo II (digo assim), há claras evidências de que o autor passeia de forma limpa e destemida por Jacob Levy Moreno (1889-1974), o criador da concepção de que podemos definir a alma humana através da ação. E a essa ação deu o nome de Psicodrama, isto é, na minha concepção pertinente aos versos lidos, uma maneira de investigar a alma humana pela ação.
"(...)
A luz ilumina o palco
com palavras
apostas no papel (..)".
A luz ilumina o palco
com palavras
apostas no papel (..)".
Fica evidente a provocação poética da cena ao tentar socializar com um público aparentemente ilusório, no grande salão vermelho do teatro da vida. E quando ele escreve: "A aposta sobrevive ao instante/ da criação (...)", há uma apoteose analítica imensurável. Ora, esses versos atingem o clímax porque mexem com interpretações magníficas como as que permeias algumas teses levantadas por Freud (Justificação) e do matemático e filósofo francês Blaise Pascal, onde, ambos, mesmo sem expurgar a razoabilidade, decidiram admitir a existência de 'algo' que acaba por escapar tanto à verificação empírica quanto à dedução lógica. Eis o fenômeno embutido nesses dois versos de Du Bois.
E por fim, uma construção poética excepcional:
E por fim, uma construção poética excepcional:
"(...) . O aplauso
contém o ressentimento
da realidade. (...)".
contém o ressentimento
da realidade. (...)".
Fechando o tomo III, Du Bois nos fornece lenha para aumentar o fogo da consciência ou inconsciência coletiva. Como se a platéia humana reagisse ao mostrado no palco da própria inconsciência. E aí, cada leitor imaginaria qual peça lhe foi transferida do palco à sua consciência. Que leitura fazer ao final do espetáculo.
Contudo, há de se atentar para um fato nas entrelinhas de toda a composição poética. O palco da vida sempre impõe distância entre os protagonistas e a realidade. E isso, fatalmente, desperta fantasias e interpretações.
E quando o aplauso se enche de "ressentimentos da realidade", ecoa a inevitável fuga da realidade inerente às tentativas de amenizar nossas frustrações; diante de ilusório que agrada. Aí, volta Freud afirmando que sonhos e fantasias fazem parte do processos de avaliação de nossas angústias.
Eis a perfeição dos versos de Pedro Du Bois. Inteligentes. Instigantes. Provocadores. Dilacerantes, até, quando a luz do palco se volta para nós mesmos.
Mas eu vou seguindo a última estrofe de Du Bois e vou com ele:
Contudo, há de se atentar para um fato nas entrelinhas de toda a composição poética. O palco da vida sempre impõe distância entre os protagonistas e a realidade. E isso, fatalmente, desperta fantasias e interpretações.
E quando o aplauso se enche de "ressentimentos da realidade", ecoa a inevitável fuga da realidade inerente às tentativas de amenizar nossas frustrações; diante de ilusório que agrada. Aí, volta Freud afirmando que sonhos e fantasias fazem parte do processos de avaliação de nossas angústias.
Eis a perfeição dos versos de Pedro Du Bois. Inteligentes. Instigantes. Provocadores. Dilacerantes, até, quando a luz do palco se volta para nós mesmos.
Mas eu vou seguindo a última estrofe de Du Bois e vou com ele:
"(...) Retorno/ e aprofundo/ a vida/ em verdades (...).
Com certeza, grande poeta, estou rasgando a terra dura para plantar sementes do meu amanhã.
Seja sempre bem-vindo. A casa é sua.
Seja sempre bem-vindo. A casa é sua.
MHARIO LINCOLN
Editor-sênior da Revista Poética Brasileira
Presidente da Academia Poética Brasileira
www.revistapoeticabrasileira.com.br
Editor-sênior da Revista Poética Brasileira
Presidente da Academia Poética Brasileira
www.revistapoeticabrasileira.com.br
Eis os versos completos.
(I)
Alugo o corpo ao personagem
e sou incorporado ao discurso plástico
da inverdade. Sou deus e demônio
personificados nas contradições. Besta
e pomba. Homem despossuído
de razões. A aparente calmaria antecede
a tormenta e a neve desce a montanha.
Alugo o corpo ao personagem
e sou incorporado ao discurso plástico
da inverdade. Sou deus e demônio
personificados nas contradições. Besta
e pomba. Homem despossuído
de razões. A aparente calmaria antecede
a tormenta e a neve desce a montanha.
Sou outras gentes. Gentios
e crentes. A plateia estática na ação
do palco. O finalizar da música
no arrastar das cadeiras.
e crentes. A plateia estática na ação
do palco. O finalizar da música
no arrastar das cadeiras.
(II)
Ser além do personagem
o mito. História
em sua criação na apropriação
da ideia.
A luz ilumina o palco
com palavras
apostas no papel.
Ser além do personagem
o mito. História
em sua criação na apropriação
da ideia.
A luz ilumina o palco
com palavras
apostas no papel.
A aposta sobrevive ao instante
da criação. A aposta se conforma
ao espaço preenchido de oportunidades.
da criação. A aposta se conforma
ao espaço preenchido de oportunidades.
(III)
Repito o texto
realizo o gesto
materializo
a palavra.
Repito o texto
realizo o gesto
materializo
a palavra.
Permaneço.
(IV)
Avesso ao comum
imortalizo
a cena. O aplauso
contém o ressentimento
da realidade.
Avesso ao comum
imortalizo
a cena. O aplauso
contém o ressentimento
da realidade.
Retorno
e aprofundo
a vida
em verdades.
e aprofundo
a vida
em verdades.
Este trabalho poético integra o livro "Poemas", de Pedro Du Bois. Os poemas ora analisados, fazem parte da seção "Personagem". Leia mais o autor: http://pedrodubois.blogspot.com.br/.
Poeta incomum! Parabéns sempre!
ResponderExcluirGrato, poeta Martha por sua leitura e retorno. Abração.
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