terça-feira, 30 de dezembro de 2014

MULTIPLICAÇÕES


Multiplicações
deletérias: povo
                  comida
                   riqueza

tesouros desenterrados
na exaustão da terra:
                    laboratórios
multiplicam inexistências
 
riquezas enganosas
absorvem o homem em sujas
esponjas (quase nada)

adestrados
animais: sombra
do menino crescido
em mundos desencantados.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 28 de dezembro de 2014

INTERFERIR

no processo ser a voz ativa
corporificada em impropérios

cientificar o modo na multiplicação
tornada avassaladora em miniaturas

olhar a criatura através de microscópios
no espaço extremado dos telescópios

(assim) o dia quente/frio e úmido
do verão/inverno em doenças.
 
(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

EXCELÊNCIAS


 
A excelência do líquido
derramado no copo
de bojo translúcido
afogado no passado

a excelência da vida
desgastada em parcos
instantes de irracionalidade

destino destroçado
em prognósticos acobertados
à vista de excelências.
 
(Pedro Du Bois, inédito)

Projeto Passo Fundo

Espaço, em:
http://www.projetopassofundo.com.br/principal.php?modulo=texto&con_codigo=51865&tipo=texto

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

REVER


Revejo passos no passado refletido
em cores de entranhas impostas.

Retiro o brilho entregue aos passantes:
figuras renovadas sob olhares de antes
e agora na incerteza das palavras
pronunciadas em calados gestos

sou exercício nas histórias decantadas
em repetidas verdades redivivas
no espaço intertempos de exemplos
considerados nas passagens: sou
revisto ser desde sempre.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Modus vivendi

Espaço (excerto), em:
http://amata.anaroque.com/arquivo/2014/12/espaco

FRIOS


Fria maneira de me dizer
presente: o quarto a cama
o banho quente afasta
o instante da saudade

relaxado o corpo
a mente se entrega
em lembranças: tantas
horas desacordadas
em desordenados fatos
ultrapassados

o risco do grafite
revolve letras
adormecidas
na mistura
em retornos:
 
volto a ser
o garoto imaturo
dos verdes anos

reconheço o começo
nas reclamações de agora.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 20 de dezembro de 2014

FIM

Último movimento
indeciso
comatoso
inconsciente
         a mente nada sente
         fosse começo
                  acaso
                  tardia hora
                  fogo morto

findo o tempo
resta o corpo
embalsamado

                mão sobre o tampo
                a tampa fechada

além do tempo
o nada
      recomposto
      em silêncio.

(Pedro Du Bois, inédito)

Leonardo Sodré

Escadaria, em:
http://www.leonardosodre.com/2014/12/escadaria.html

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

RITOS

O ritual é seguimento extensivo das regras
preestabelecidas maneiras de reconhecimento
da segurança abusiva sobre o tema: de tanto
        saber esquece a naturalidade dos fatos
        acontecidos sob as vistas independente
                             do sentido e organização

o rito persegue a extensão do incorreto
    fogo e a brasa sobre o pano veste
o símbolo na incongruência dos recados

o dia seguinte desponta nas incessantes
vidas repetidas no rito em acomodação

a desarmonia arranja a violência em signos
anteriores: regras rígidas de sociedades
efêmeras em restante espera e paciência.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Modus vivendi

Escadaria, em:
http://amata.anaroque.com/arquivo/2014/12/escadaria

LEMBRAR

na clara água
o escuro irrespondível
das questões menores

marmóreos corpos esculpidos
em rochas permeáveis: tortuosos
caminhos do imponderável
magma enquanto líquido

o veio destaca a beleza
na crueza com que a água
jorra sobre a pedra


não responde ao chamado
ígneo da lava no arrefecer a fúria
da explosão sistêmica

o escuro interrompe a jornada
onde se estabilizam pétreas
lembranças de leis maiores.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 14 de dezembro de 2014

Extremozpress

Mudar, em:
http://extremozpressrn.blogspot.com.br/2014/12/mudar.html

PERMISSÕES

permitidos desencontros
e no fim do divertimento
inventamos canções
histórias
fábulas
traduzidos ódios
encruados
instantâneos
na raiva cultivada


permitidos infelizes gestos
na ácida solução
despedida na realidade
insurgida em matérias
de incluídas canções
histórias e fábulas
desprovidas de arremate

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

DECISÃO

Esquinas determinam
escolhas
         perdas
               restrições
fragmentações

      a decisão determina o passado
                                    e o futuro

o presente nos encontros fortuitos
se desfaz em nuvens de fumaça

            na água quente
            o desenlace

ao chegar
o passado me recebe
nas esquinas permanentes.

(Pedro Du Bois, inédito)


Leonardo Sodré

Mudar, em:
http://www.leonardosodre.com/2014/12/mudar.html

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

MÁGICA

fruto do desconhecimento
a ignorância atávica
reduz o corpo no escopo
das limitações: o que sou
no empobrecido trajeto:
dutos neurais interpostos
ao todo - e à parte -

a magia nas respostas
pertinentes ao ignorado

em perguntas
a consciência
em respostas
a comprovação
do que penso
em tempo:

           começo e fim
           encobertos.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 6 de dezembro de 2014

Vidráguas

O quadro e a moldura, poema 42, em:
http://www.vidraguas.com.br/lendo-pedro-du-bois-2/

TOPO


O topo montanhoso descortina onde a vista alcança
nem mais milímetros onde não se ouvem canções
não se dançam músicas no efeito de encantar
corações na respiração ofegante do ar rarefeito
que leva o alpinista apoiar o corpo em mãos frias
para recuperar o fôlego da escalada

o topo não acrescenta além de ser o topo
no mundo das nossas terras e contar aos amigos
em alegres noitadas e em livros onde defeitos
nos equipamentos são valorizados
e o trabalho dos guias esquecido

o topo desencadeia a volta em passos firmes
no retrocesso necessário ao cumprimento
da última etapa de retornar ao convívio
dos que lhe são caros em amores e fadigas
nas intrigas familiares de quererem
partilhar sua alegria de estar em casa

o topo da casa é a cumeeira
de onde pássaros observam
o cantar do galo nas auroras
e se defendem em gritos e gorjeios
de sincopados sons no estamos aqui
e temos a melhor visão dos predadores
de quem fugirão no tempo e na hora

o topo da casa é o centro
onde se iludem os moradores
fossem estrelas sem brilho
cascalho desprezado
de menores sentimentos
espelhados em vidraças
embaçadas pela poeira
com que os ventos fecham
os caminhos ao evitar
que homens se aventurem
em cumes cimos e ao topo

o topo é resultado
maltratado da ansiedade
imposta no ritmo suficiente
ao fazer de conta que subir a montanha
centraliza a imortalidade na neve
em camadas enquanto a Terra segue
ciclos indevassáveis ao conhecimento

o topo se reveste de estreitos caminhos
nos momentos em que a desistência se apresenta
em temores e orações primárias de todos os medos

o topo é o reverso da base na acomodação
delicada com que o planeta permite
que vivamos enquanto tentamos topos
cumes e cimos de barreiras inconsequentes

o topo atravessa o poente e descamba em ocasos
descabidos no nascer e morrer dos dias

o topo se registra em mapas geograficamente
desenhados de linhas confusas e parafusos
colocados tal pregos em cada fenda permitida

o topo acima e abaixo remete o corpo
ao abismo no retirar a vida em outros ares.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

HISTÓRIA


Depois
(muito depois)
a história
se repete
na iluminada
tela

a conveniência embaralha
os fatos

a mentira conduz a trama
metalinguística: heróis de ontem
transfigurados nos bandidos
que sempre foram

(muito antes)
os participantes do horror
na noite instalada.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Leonardo Sodré

Cores, em:
http://www.leonardosodre.com/2014/12/cores.html

SILENCIAR

No aplauso cessa o espetáculo vazio
em dias entreatos de cortinas abertas
em escuras cenas correlatas
         o silêncio constrange
                         estrangula
                         devolve o rito
                   ao primeiro gesto
horas destampadas em auroras
de sóis e nuvens intercaladas: não saber
silencia o restante em selos de pureza
          o silêncio restringe
                         apodrece
                               ressurge o temor
                               do primeiro gesto
acasos sucedem ideias
nos rastros dos bichos
de serventia: silêncios estudam
                     palavras não ditas.
 
(Pedro Du Bois, inédito)