terça-feira, 19 de maio de 2020

VIDA



Dependuro lembretes são meu norte
sedentária vida de revistas de tontas
mortes e o telefone mudo estático
errático modo de me fazer sozinho
em sonhos futurísticos de novas
vidas amigáveis: livros fechados
dispostos nas estantes sou 
o estanque ser dos calendários
afogado em clipes e grampeadores
de cores envergonhadas e sem
passado: o que passou esqueço
não há segunda vez ou chance
de refazer o escrito apagar
as letras reescrever e dormir
no amanhã gongórico
ou parnasiano: dispenso a rima
a métrica desarmonizo e invejo
a raiva com que me olha agora
momento maior do que se apaga.

Fica o mapa dobrado sobre a mesa
nenhum lugar marcado ou demarcado
espaço onde o silêncio habita o término.

(Pedro Du Bois, inédito)

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