sábado, 27 de fevereiro de 2021

JOGOS

 








O jogo

ilude a racionalização

concreta de vivenciar

                 o ato: o jogo

                           transforma o ato

                           em fato desconstituído

 

na tarefa inconsequente dos extremos

traduzida em regras inviáveis

 

o caos decodificado

em fórmulas: a inviabilidade

da vida recolocada no gesto

alcançável da passagem

 

o jogo sobrevive em rústica

ideia de domínio: o azar

                            e a sorte

                            confirmados.


(Pedro Du Bois, inédito)





sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

DISCURSO

 








O discurso reafirma

a igualdade

na sobreposição

das imagens

 

        palavras são uníssonas

        formas de desigualdades

        conduzidas ao termo

        comum das necessidades

 

(o reconhecimento gera

 sorrisos: a criança

 balbucia o encontro)

 

no tempo de agilidades

a palavra retorna ao eco

sinalizado nas pradarias

          como mero gesto.


(Pedro Du Bois, inédito)


TriploV INFO

 Derrotas e Vitórias, em:

https://triplovinfo.wordpress.com/2021/02/26/poema-71/

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

DERROTAS E VITÓRIAS

 



Derrota: estéril me apresento

no isolamento da palavra negada

aos afazeres: recolho ideias

e as coloco sobre o piso

sapateio até que indeléveis

não sejam notadas: a derrota

iguala e no silêncio

traço despedidas: no vento

em nuvens tenho o desenlace.

Derrotas não me ensinam

arbitram a vida e a tornam imenso

vazio decorrido em perdas.  A vitória

seria a vida: o pulso acelerado

diante da amada e na certeza

 pulsam ideias indefinidas.


(Pedro Du Bois, inédito)



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

RECOMPENSA

 








Pergunto pela recompensa

sou posto para fora

bicho enxotado

com a vassoura: varrido

do espaço na glória

imaginária

 

recompensa é recomeçar do nada

fechado em novas experiências

que a glória é o leme quebrado

durante a tempestade.


(Pedro Du Bois, inédito)



TriploV INFO

 Habitar, em:

https://triplovinfo.wordpress.com/2021/02/22/habitar/

sábado, 20 de fevereiro de 2021

SER

 








Destaco da vida

a sede

   sou: derramar

          o líquido

          e

          sobrestar

          o dia

          de amanhã

 

usufruo

do líquido: lavo

                 a terra

 

sou a terra

alegada.


(Pedro Du Bois, inédito)

https://pedrodubois.blogspot.com/


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Modus vivendi

 Habitar, em:

http://amata.anaroque.com/arquivo/2021/02/habitar_1

HABITAR

 








Habito o extremo oposto ao gosto

reafirmo em palavras as sequências

retiro do verbo a ação: pacifico

os sentidos e ao mar lanço

resíduos materiais do sacrifício

 

                     sou novamente o dia

                     ensolarado e a praia

                     desertificada dos amores

 

   barcos retornam de onde estou

   vazio em peixes e tripulantes: habito

   os fantasmas alimentados em águas

   escorreitas em que mangues secam

   seus crustáceos: nada faz o momento

   no tormento de ser presente: o relógio

   martela o fundo da existência

 

                       queria estar em outro lugar

                       mediano e em meridianos

                       encontrar os acertos

                       da viagem: paisagens

                       embaçam a vista.


(Pedro Du Bois, inédito)



terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

LUZES

 








Acendo a luz: ordinário cenário

decomposto no que reconheço: a incerteza

de estar em casa oferecida ao instante

despertado – minhas vozes silenciosas

falam de outras cenas: retorno ao escuro

e penso na necessidade de me manter

em silêncio – as vozes alteram

a sequência e o inaudito acontecimento

vaga o espaço: entre ele e o meu corpo

repousam histórias na oralidade.

 

Dispenso a coberta

acomodo o corpo: durmo                               

no silenciar das vozes

e a escuridão me contempla.


(Pedro Du Bois, inédito)



domingo, 14 de fevereiro de 2021

EXIGÊNCIA



 






Exijo o prêmio

e quebro o troféu:

 

sou na derrota

a vida percorrida

em ultrapassagens

na perdição de datas

               futuras: fatura

               entregue à previdência

               que me falta

              

exijo o prêmio e quebro o troféu

consentido no velho descalabro

em mim percorrido.


(Pedro Du Bois, inédito)

https://pedrodubois.blogspot.com/


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

ABRIR A PORTA

 








Abro a porta: o tiro alcança o corpo

e a fuga se atém

ao gesto de desalento: você pergunta

o que faço. Escrevo: o vento

agita o papel em branco: abro

a porta e fito o desenlace: não sair

é o primeiro exemplo de coragem

: ir embora a covardia: largar o nada

  pelas beiradas e o deixar em poucos

momentos: abro o instante e me instalo

atrás da porta aberta (ao poeta cabem

desvarios por onde transitam espaços)

procuro me defender da ofensa anterior

aceito o desafio e abro a porta

e o disparo me destaca.


(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Modus vivendi

 Fim de caso, em:

http://amata.anaroque.com/arquivo/2021/02/fim_de_caso

CONSEGUIR

 


 

Não consigo

vencer as virtudes e me jogar no erro

meus preceitos resistem às brigas

e as correntes se conservam em elos:

 

melhor sair de bicicleta

e pedalar

contra o trânsito

 

(outros bebem da garrafa

o gole e sopram suas fumaças)

 

com certeza a estrada aberta

na minha passagem seria

a primeira via.


(Pedro Du Bois, inédito)


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

MALDADE

 








O estereótipo

escraviza a ruindade

na escura água que contém

o germe em que se perde

 

– o naufrágio contamina

  o espumado instante –

 

a maldade cristaliza os seres

em medidas usurpadas aos

desesperados: a imobilidade

              falseia a eternidade

 

(ao longe corpos se movimentam

em sentidos aleatórios: a ruindade

escorre o visco)

 

o dia antecipado em difusa

luz sabe do cansaço.


(Pedro Du Bois, inédito)



sábado, 6 de fevereiro de 2021

LONGE E PERTO

 








Na ausência penso

estar em casa e lá estive

e estava com vocês

todas as noites

em que meu corpo

longe

libertava o sonho

de estarmos juntos

 

(voltei em sonhos descontinuados

 fiquei em deslembranças na manhã

 e me apresentei na imaterialidade

 da próxima data)

 

ao regressar de corpo e alma

trouxe na mala as lágrimas

de ter estado longe

e tão perto de perder

a vida em pensamentos.


(Pedro Du Bois, inédito)



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

TriploV INFO

 Ninhos, em:

https://triplovinfo.wordpress.com/2021/02/04/poema-69/

NINHOS

 








Constrói o ninho

aninha os filhos

 

- sustenta o vento

  sobre o nada

  civilizado –

 

sonha a refeição diária

entre galhos: vê o alimento

ser transportado

 

- sustenta o acaso

  da conquista –

 

desconstrói a vida

em pequenos pedaços

 

(torna opaca a sensação

 de saciedade ao ver

 os filhos irem embora).


(Pedro Du Bois, inédito)



terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

FIM DE CASO



 






Escuta o grito

da solidão

 ...

assiste ao instante

da partida

 ...

tem a retenção

do gesto

 ...

fecha a janela


 (o som

 interposto à porta

                 desfaz o carinho).


(Pedro Du Bois, inédito)