terça-feira, 13 de novembro de 2018

Tristeza, em leitura de W.J.Solha (no seu perfil do Facebook)

Finge a dor que deveras sente – está em pleno “spleen” ( “estado de tristeza pensativa ou melancolia associado ao poeta Charles Baudelaire” ). Isso se choca com a distante imagem que eu tinha dele no final dos anos 80, quando ele era o chefe do CESEC local, ali na Epitácio, e eu, integrante da diretoria do Sindicato dos Bancários. Num panfleto nosso, eu disse, uma vez, que ele nos era um mal tão necessário quanto o inspetor Javert pra bela história do Jean Valjean, n”Os Miseráveis”. Blablablá, fanfarronada, mas quando leio, agora, o TRISTEZA, penso no Javert se atirando ao Sena. Principalmente quando Du Bois cria a imagem riquíssima deste poema, de que ponho a primeira e a terceira estrofe:
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Dentro da garrafa 
o navio naufraga
dentro do navio
o marujo se afoga
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(as pessoas ) não suportam
a evidência de que o navio
na garrafa permanece
sobre a mesa.
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Isso é coisa pra você ler de novo e parar pra pensar no que leu.
Tem a ver com o que ele diz sobre “O corpo preso em portões / ( que abertos não permitem / a saída / e o retorno )” . Ou seja: isto é um mundinho de que não temos escapatória. “Tantas vezes me reconheci em lápides” – ele acrescenta alhures. 
Há uma cena de “Fanny e Alexander” em que Bergman nos faz acompanhar uma senhora que sai de um ambiente da casa de classe alta, onde se prepara intensamente o natal, onde tudo é alegria, e, em seguida, a vemos chegar ao meio da sala vazia em que estamos, parar, e – distante de tudo aquilo - dar o mais dolorido suspiro ou gemido que já vi em toda a minha vida. Jamais me esqueci da carga deprimente dessa cena tão distante dos grandes dramas... E deixo com você estes dois versinhos que me parecem do mesmo calibre:
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Não era pra ser 
assim: desconforto.

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