Meu caro Pedro, boa tarde:
em seu livro TRISTEZA E MÍNIMO E A MENOR PARTE você assume: "frases
desconexas aludem descobrimentos" (p.97); que "o poeta sobrevive mazelas
e se dá ao luxo de redescobrir polvorosas maneiras desmentidas de
versejares" (p.92); ou então faz a assertiva: "reflito
o imponderável."
Estas leituras permitem usufruir melhor de sua criação poética, que na
1a parte do livro tem poemas como os de números 5 ("escuto os sons
desintegrados - das lembranças - alguns soluços e memórias apegadas em
guardanapos" (p.13), em que se tem uma projeção
atávica à casa da infância; 20, em que você é "didático" com a
existência: "descrições dependem de sacrifícios - entre escolhas"21);
como na observação realista do 21: "minha vida se resume em palavras
repetidas - não há quem me escute - além do tempo: inexisto".
Também "didático", ou seja, consciente do seu ofício, quando afirma "a
rima facilita a introspecção" (23); todo o poema 25, 45, 50. O número 4
da parte que intitula o livro (p.52); o nº 10, 14, 20,21:"nenhuma vez
avento - ser possível igualar minha vida -
em intermediário - soar de alarmes: desdizer implica negar as vezes -
em que me desfaço"; 22: "amo a inconsistência da chuva - no endurecer
palavras?"(p.70); 26, 43, 44, 49, 60, 72.
Seu livro cafuca fundo na existência, na memória, na significância das
palavras, e como sempre surpreende pelo inusitado de suas construções
que tornam a poesia objeto de prazer e de reflexão. Abraço - Márcio
Almeida
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