quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

HABITAR

 








Habito o extremo oposto ao gosto

reafirmo em palavras as sequências

retiro do verbo a ação: pacifico

os sentidos e ao mar lanço

resíduos materiais do sacrifício

 

                     sou novamente o dia

                     ensolarado e a praia

                     desertificada dos amores

 

   barcos retornam de onde estou

   vazio em peixes e tripulantes: habito

   os fantasmas alimentados em águas

   escorreitas em que mangues secam

   seus crustáceos: nada faz o momento

   no tormento de ser presente: o relógio

   martela o fundo da existência

 

                       queria estar em outro lugar

                       mediano e em meridianos

                       encontrar os acertos

                       da viagem: paisagens

                       embaçam a vista.


(Pedro Du Bois, inédito)



Nenhum comentário:

Postar um comentário