terça-feira, 28 de julho de 2020

HABITAR














Apresentados os hábitos
habito a história: o cacoete
o fetiche o medo imorredouro
do adjetivo e as reticências
fazem água no descompasso
do latido. O eleitor de pijama
pensa o mau tempo ao levantar
se vestir e ir à urna eleitoral
depositar sua humilde
e despretensiosa vontade
de manter tudo como está.

Talvez o café com pão
amanteigado antes
que o médico proíba.

O arrazoado estéril das questões
incompletas e os substantivos
transformados em superlativos
adversários. Cingir a cintura
da dama e a levar nos passos
cadenciados da dança.

Dormir com a janela aberta
e ter o desconforto da chuva
molhando o tapete: atapetar
a casa no rápido passar
dos passos nas tábuas
silenciosas dos quartos.

(Pedro Du Bois, inédito)



Nenhum comentário:

Postar um comentário