quinta-feira, 12 de novembro de 2020

VIVER

 








Tenho medo do infinito e da eternidade

por estarmos aprisionados ao corpo.

Soluço orações em promessas sagradas.

Reafirmo a fé na integridade e do orvalho

recolho o sentido: estou vivo e estou morto

ao encontro da insubmissão e do castigo.

Rejeito o acontecido e me afirmo no amor

da mulher com quem convivo: a divisão

da cama a conversa franca o carinho diário

o mistério revelado no primeiro dia: no carnal

e no simbólico somos o todo e nos separamos

em corpos nas manhãs em que recordamos.

Não conversamos sobre a permanência.

Permanecer é o silêncio dos que sabem

da efemeridade: percorrer distâncias

em guarda contra a eternidade

a oxidar os atos diariamente.


(Pedro Du Bois, inédito)



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