domingo, 14 de junho de 2015

DEIXO ESTAR

quando me atrapalha as visões
distorcidas capturadas em cenas
prosaicas da cidade
deixo estar
ao ver a mãe arrumar
a roupa da filha
e a ajudar a atravessar ruas
amarguradas na insensatez
dos projetos despossuídos
em homenagens e acolhidas
deixo estar
no colorido final do dia
a luminescência com que acendemos
insones noites e retiramos
o essencial acumulado em provas
deixo estar
até secar a vontade inerente
nos goles ávidos do ressentimento
deixo estar
e fico sobre a amurada umedecida
do calor transfigurado em verdades

(Pedro Du Bois, inédito)

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