segunda-feira, 4 de maio de 2015

VERBOS

Devo escrever sobre a virtude
condensada em sorrisos maiores
de esperanças: tal o pássaro
na época aberta à caça

devo ouvir o discurso vazio
das inconsequentes ameaças
e me fazer alegre ao estontear
em bebidas de adormecimentos

devo ser o consolo sobre a terra
em saneamento
                 e sementeira advinda
                 na proeza dos elementos

devo rugir o leão adormecido
e forçar a destreza com que a caça
é presa inconsútil das necessidades

devo rodear caminhos insignificantes
no jardim alçado ao paraíso: extrair
da árvore a seiva do meu sustento

não devo ter o sentimento ultrapassado
das cassandras na maneira vivandeira
com que me entrego ao silêncio.

(Pedro Du Bois, inédito)

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