quinta-feira, 17 de abril de 2014

SOTURNO

Dia soturno de apagadas horas
em partidas indiferentes. Ocaso
de única espera. Aos amantes
cabem desejos passados.

Permaneço incapaz do gesto
de renúncia no aguardo
do que diria em quadros
estáticos de atávicos amigos.

Sou quem vai embora em literário
afago no desconsiderado beijo recebido.

A distância da luz no sabor
do insosso nas curvas
em que me afasto.

Iludido em sonhos de tórridas
realidades de não aconchego.
          Flâmula imóvel em ventos
               continuados de paixão.

A noite soturna de aprazadas horas
remete o riso ao invisível no tempo
restante por onde escapam os sonhos.

(Pedro Du Bois, inédito)


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